Delcídio contrata advogado especialista em delação premiada 09/12/2015
- Camila Bomfim - TV Globo
Preso há duas semanas, senador é pressionado por família a colaborar. Novo advogado fechou delações de Alberto Youssef e de Ricardo Pessoa.
O senador Delcídio do Amaral, preso há quase duas semanas na superintendência da Polícia Federal, em Brasília, abriu uma nova frente de defesa na Operação Lava Jato e contratou um especialista em delações premiadas: Antônio Figueiredo Basto.
O criminalista está assumindo a defesa do parlamentar junto com o advogado Mauricio Leite.
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Basto ficou nacionalmente conhecido após fechar delações relevantes para as investigações na Operação Lava Jato, entre elas a do doleiro Alberto Youssef e a do dono da UTC, Ricardo Pessoa.
Basto, que tem escritório em Curitiba, esteve em Brasília com Delcídio ontem.
Eles tiveram a primeira conversa na sala onde o senador está preso, na superintendência da Polícia Federal.
Por meio de nota à imprensa, o escritório do advogado Mauricio Leite, confirmou a contratação de Basto.
"A defesa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) informa que o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto foi contratado", diz o texto.
A nota explica que a condução do pedido de revogação de prisão do parlamentar no Supremo Tribunal Federal permanece sob a responsabilidade de Leite.
Delcídio cumpre prisão preventiva, sem prazo para acabar, e na segunda-feira foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República.
Advogados da Lava Jato entendem que a negociação com a nova defesa sinaliza que Delcídio está disposto a fechar delação premiada -- contar o que sabe em troca de redução de pena.
As tratativas com a Procuradoria Geral da República ainda não começaram, mas a defesa avalia que uma delação ainda não está descartada, já que a família de Delcidio o pressiona bastante pra entregar o que sabe e tentar sair da cadeia.
A denúncia da PGR contra Delcídio o acusa de impedir e embaraçar a investigação de infrações penais que envolvem organização criminosa (com pena de 3 a 8 anos) e patrocínio infiel (6 meses a 3 anos), que é quando o advogado trai o interesse de seu cliente, e exploração de prestígio (com penas de 1 a 5 anos).
Caberá agora à Segunda Turma do STF aceitar ou rejeitar a denúncia.
O colegiado é composto pelos ministros Teori Zavascki (relator da Lava Jato na Corte), Gilmar Mendes, Celso de Mello, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.
Se a denúncia for aceita, os acusados passam a ser considerados réus num processo penal.