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Aidar diz que Ceni marginalizou outras lideranças e cita problema com Pato
14/12/2015 - GloboEsporte.com


Ex-mandatário não poupa ídolo ("Rogério não gosta do Pato pelo fato de ele ganhar muito"), volta a criticar Osório ("Um marqueteiro danado") e promete vingança.

Carlos Miguel Aidar rompeu o silêncio e atirou para todos os lados em entrevista ao jornal "Diário de S. Paulo", publicada ontem.

Dois meses depois de renunciar à presidência do São Paulo por acusações de irregularidades em sua gestão, o antigo mandatário não poupou nem Rogério Ceni, ídolo que se aposentou neste final de ano.

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Na visão do ex-dirigente, o goleiro de 42 anos pecou ao não ajudar a preparar um líder para substituí-lo no grupo.

Segundo Aidar, Ceni marginalizava outros jogadores que tinham características de liderança.

– Assim como o Juvenal Juvêncio não preparou sucessor porque achou que seria eterno, o Rogério Ceni não deixava que surgissem líderes. Um exemplo era o (zagueiro) Dória, que batia de frente com ele. O Rogério também não gosta do Pato pelo fato de ele ganhar muito. O Rogério marginaliza essas lideranças - afirmou.

Sobre o técnico colombiano Juan Carlos Osorio, que deixou o clube em outubro para assumir a seleção mexicana, o dirigente disse que o rodízio na escalação imposto pelo treinador nunca agradou à diretoria.

– Não me arrependi (de contratá-lo). Só não sei como ele ganhou o respeito incrível da imprensa e da opinião pública. Era um marqueteiro danado. Não repetiu o time uma vez em 22 partidas. Isso não é coisa de treinador, mas de alguém achando que o São Paulo é laboratório - opinou.

Desafeto de Juvenal Juvêncio, a quem substituiu na presidência tricolor, Aidar comentou sobre a morte dele, ocorrida na última quarta-feira, aos 81 anos.

– Ouvi dizer que ele só resistiu a todo esse tempo porque não queria morrer antes de me derrubar. O Juvenal era uma figura folclórica, tenho o maior respeito por ele, que é cria minha.

Desempregado, já que teve de deixar o escritório de advocacia que trabalhava após as denúncias de corrupção, Aidar se mostrou arrependido por voltar ao cargo em abril de 2014.

Presidente em dois mandatos na década de 1980, ele havia ficado 24 anos fora da política tricolor.

– Foi um erro voltar ao São Paulo. Em 2014, eu estava numa zona de conforto, ganhava sem nem ir ao escritório. Não é fácil ficar ouvindo falarem mal da minha filha, da minha mulher. Me chamando de corno, veado, ladrão…- admitiu.

A situação de Aidar ficou insustentável quando o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro disse ter uma gravação que comprovava os atos de corrupção do mandatário os áudios estão em posse do Conselho Deliberativo do clube e não foram divulgados.

O ex-dirigente garante que jamais fez nada de errado e promete se vingar dos inimigos.

– É fácil falar. Por que eu não retruco? Vai ter a hora certa. E na hora que não tiver nada provado, vou desmascarar um por vez. Vingança é um prato que se come frio e pelas beiradas.

Com tempo livre, Aidar diz que tem se dedicado a apurar irregularidades ocorridas no clube antes do início de sua gestão, quando Juvenal Juvêncio era o presidente.

– Comecei a descobrir algumas barbaridades ainda como presidente. Nos últimos três meses da era Juvenal Juvêncio, o São Paulo pagou R$ 9,5 milhões ao Tombense, clube que é barriga de aluguel do (empresário) Eduardo Uram. Tem mais: há um contrato estranho de uma empresa chamada Bivers, que teria intermediado o acordo do São Paulo com a Penalty. O contrato com a Penalty é de 2011 e a intermediação só foi protocolada pelo São Paulo em 2013. E nos quatro meses seguintes, o clube pagou R$ 2,2 milhões em comissão - afirmou.

O ex-presidente afirma que já vinha fazendo essa investigação quando estava no cargo. Por isso, acredita que o movimento que o tirou do clube foi orquestrado por quem poderia ser atingido.

– Todo mundo no São Paulo sabia que eu mexia nisso. E estava incomodando muita gente. Todas as pessoas que estavam à minha volta, herdadas da era Juvenal. Elas, em tese, poderão sofrer alguma censura mínima e se uniram contra mim.

Após o afastamento de Aidar, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, venceu as eleições presidenciais no dia 27 de outubro.

  

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