Preocupa é o emocional, diz técnico do Brasil, sobre má fase de Cesar Cielo 19/12/2015
- Fabrício Marques e Lydia Gismondi - GloboEsporte.com
O ano de 2015, um antes dos Jogos Olímpicos do Rio, nem de longe saiu como Cesar Cielo havia planejado.
Na competição mais importante, o Mundial de Kazan, em agosto, uma lesão no ombro esquerdo fez o nadador do Minas deixar a disputa antes de defender o tricampeonato nos 50m livre.
Mesmo recuperado fisicamente, o 11º lugar nos 100m livre do Torneio Brasileiro Open, ontem, pesou a ponto de fazê-lo deixar precocemente também a disputa em Palhoça-SC, que é a primeira seletiva para 2016.
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Distante de sua melhor fase, uma das grandes esperanças de medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos é motivo de preocupação para a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Cielo deixou a piscina da Unisul visivelmente frustrado com o 11º tempo (49s55) na prova dos 100m livre do Brasileiro Open.
Com a marca distante do índice olímpico (48s99), o nadador do Minas sequer teve a chance de passar para a final e tentar um desempenho melhor.
No início da tarde, ele deixou o hotel em que estava hospedado em Palhoça e voltou para São Paulo, abrindo mão dos 50m livre, que seria disputado neste sábado.
A próxima e derradeira chance de classificação olímpica será em abril, no Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro.
- Por já ter trabalho com ele também, sei que até o Maria Lenk você põe o Cesar brigando a nível mundial. Ele não perdeu a condição dele. Tem que sentar, ver algumas coisas... Eu tenho a minha visão, assim como se você pegar um outro treinador, cada um vai ter uma opinião. Ele é um cara diferenciado. Mas o que preocupa é o emocional, não o físico - disse Alberto Silva, coordenador técnico da seleção masculina de natação e ex-treinador pessoal de Cielo.
Hoje integrante da comissão técnica do Brasil, Alberto Silva foi um dos principais treinadores de Cesar Cielo ao longo de sua carreira.
Desde as categorias de base, época em que comandava o Pinheiros, até 2007, quando o nadador passou três anos treinando na Universidade de Auburn, nos Estados Unidos.
Em 2010, a dupla se reencontrou no projeto PRO 2016, mas a parceria foi desfeita em 2013.
Ao saber da desistência de Cielo, Albertinho, como é conhecido no mundo aquático, mandou mensagem para o nadador e para o seu atual treinador, Arilson Silva, se colocando à disposição para ajudá-los a realinhar o que for preciso na preparação até 2016.
- Ainda está meio doído. O resultado foi bem abaixo do que eles esperavam e do que todo mundo estava esperando. Leva um tempinho para assimilar. Tem que absorver as coisas. Tem que discutir e tomar decisão com a cabeça tranquila. Ele tem o nosso apoio, a gente quer ver ele bem. A CBDA está se colocando à disposição. A minha posição foi essa de dizer que estou aqui para conversar. É lógico que tenho a minha opinião sobre várias coisas que eu vi, mas eles têm que querer ouvir. Não dá para ser uma coisa obrigatória. Mas isso também não quer dizer que eu tenho razão, e nem de que vai dar certo. Mas, como eu já tive bastante tempo com ele, posso ajudar - opinou Albertinho.
Apesar de detectar a necessidade de alguns ajustes, o coordenador técnico da CBDA não acredita que a solução seja uma mudança drástica no programa de treinamento.
Albertinho aposta em troca de ideias e opiniões entre Cielo, a equipe do nadador e membros da comissão técnica da seleção para encontrar o melhor caminho e fazer possíveis ajustes.
Cielo estará livre, porém, para decidir o que fazer daqui para frente.
- Eles estavam apostando, estavam falando que ele estava até melhor para os 100m do que para os 50m nessa competição. Mas acho que leva um dia ou dois para digerir o resultado. Ou depois disso eles vão me procurar, ou... o Cesar também é aquela coisa: quando toma uma decisão, vai para a Austrália, e a gente vai ver pela TV o William Bonner anunciando - brincou o treinador.
Médico que acompanha Cielo e cuidou da recente lesão do ombro, Gustavo Magliocca afirmou que a decisão de deixar a competição foi totalmente pessoal, e não a partir de uma orientação médica.
- Assim que terminou a etapa da manhã, ele falou que falaria comigo quando chegasse no hotel e, no hotel, ele comunicou que estava indo embora. Foi uma decisão totalmente pessoal e que não tem nenhuma relação com o ombro dele ou com qualquer tipo de lesão - tranquilizou.
O Minas Tênis Clube confirmou que o atleta não deixou a competição por causa da lesão, mas o pouco tempo de treino depois da recuperação -- apenas dois meses e meio -- teria afetado seu desempenho na seletiva olímpica.
- Foi uma decisão técnica do atleta, em função do pouco tempo que ele teve para se recuperar da lesão. Ele começou a treinar em outubro. Então, foi uma decisão técnica para ele se preparar melhor para buscar a vaga para as Olimpíadas no Maria Lenk. É importante ressaltar que, em relação a dor, não há qualquer tipo de problema - explicou Teófilo Laborne, chefe o departamento de natação do Minas.