Governo estuda metas para reduzir desmatamento na Amazônia 26/10/2007
- Felipe Werneck - Estadão, com Reuters
É a primeira vez que País admite assumir compromissos; Marina Silva diz que controle depende de ajuda internacional
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse ontem no Rio que o governo federal começou a discutir metas para reduzir o desmatamento na Amazônia. Segundo ela, porém, isso só poderá ser feito com recursos externos. “Queremos mudar o modelo de desenvolvimento, mas para isso precisamos ser ajudados, até porque a diminuição do desmatamento favorece o planeta inteiro”, afirmou.
É a primeira vez que o governo brasileiro admite alterar sua posição histórica de recusar qualquer meta de controle de suas próprias emissões de gases do efeito estufa. As principais contribuições do País para o aquecimento global são justamente o desmatamento e as queimadas na Amazônia.
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Marina participou ontem de reunião com representantes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), organizada pelo governo do Rio e pela Companhia Vale do Rio Doce. Ela disse que “se é difícil para países ricos mudar a matriz energética, para países em desenvolvimento é difícil mudar os seus modelos de desenvolvimento”. “Se nós reduzirmos 100% das emissões e os países ricos não diminuírem 80%, nós seremos igualmente prejudicados e a Amazônia pode virar uma savana”, acrescentou.
Na semana passada, foram divulgados dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que indicam aumento médio de 8% do desflorestamento na região amazônica. “O Brasil inteiro está preocupado com o aumento de 8% no desmatamento da Amazônia”, afirmou a ministra. Ela ressalvou, porém, que a taxa caiu nos últimos três anos.
Ainda assim, Marina anunciou a entrada da Força Nacional de Segurança (FNS) em ações de proteção ambiental. “Vamos continuar sem baixar a guarda. O objetivo é o desmatamento ilegal zero.”
Quanto à retomada da curva ascendente do desmatamento, ela a atribui à seca prolongada e ao aquecimento do mercado. Para 2008, a ministra acrescenta as eleições municipais como fator que pode levar a taxa para cima - “o nosso teste de fogo”.
“Quando a fiscalização foca determinado local, eles espirram para outro. Agora temos um sistema que acompanha. Antes, ficava atirando no escuro”, disse. Nos últimos três anos, ambientalistas e analistas disseram que a queda dos preços da soja e da carne ajudaram a manter o corte sob controle - hipótese refutada pelo ministério.
Ontem, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente divulgou relatório que mostra como os recursos naturais estão sendo exauridos. Segundo o documento, o consumo é mais rápido do que a Terra consegue repor.