Cobertura tríplex 14/03/2016
- PVC - Folha de S.Paulo
Os três gols de Robinho contra o São Paulo foram diferentes, mas os três entraram por cima do goleiro. Dois deles nos minutos finais do clássico. O de domingo (13), uma pancada, o de setembro no Morumbi, um lobby, e o de março, um ano atrás, uma mistura dos dois, pelo chute forte combinado com a cobertura.
O tríplex de Robinho não merece acusação.
O São Paulo, sim. Apesar do primeiro tempo de enorme superioridade e do erro do assistente Carlos Augusto Nogueira Júnior, ao invalidar um gol legal de João Schmidt, o time de Edgardo Bauza ainda tem apenas um mérito: as jogadas de bolas paradas.
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Não que seja infalível nesse tipo de lance, tanto que o treinador argentino cobrava mais precisão nas faltas e escanteios que o Palmeiras insistia em oferecer.
Na república dos cruzamentos, o São Paulo tentou 24 e errou 19. Teve 55% de posse de bola e finalizou mais, 13 x 9. Mas só acertou duas vezes no alvo.
Alberto Valentim sinalizou na escalação querer mais controle do jogo. Não conseguiu. O Palmeiras teve sua dupla de volantes de melhor passe, com Matheus Salles e Arouca, mas o primeiro tempo chegou a registrar só 38% com a bola.
O técnico interino deixou claro que tinha discordâncias sobre a maneira de Marcelo Oliveira organizar o Palmeiras. Primeiro na entrevista coletiva de sexta (11). Depois, ao mudar quatro titulares, além de Cristaldo com desgaste muscular. Na derrota para o Nacional, foram 34 cruzamentos, com 28 erros. No domingo (13), apenas 12.
Não conseguiu ter o controle, embora a evolução no segundo tempo indique mais compreensão sobre a hora de cadenciar e de acelerar.
Os contra-ataques ficaram mais precisos e um deles levou ao primeiro gol, de Dudu.
Cuca estreia quinta (17) em Montevidéu, contra o Nacional. Seus times nunca priorizaram a retenção de bola. Mas sempre privilegiaram a recuperação rápida para poder jogar. Quando se perde a bola, é necessário recuperá-la e essa será a cara da equipe a partir de agora.
O Palmeiras não será o rei da posse de bola.
O São Paulo também não. Diferente dos times dos últimos anos, de controle do jogo e pouca força para finalizar, neste ano a intenção é ter uma equipe capaz de definir cirurgicamente seus jogos. Mas é preciso ter um cardápio mais amplo.
Havia uma época em que a torcida do Palmeiras festejava os escanteios e as faltas para cruzamentos por serem as únicas oportunidades concretas de gol. Era assim com Rubens Minelli em 1983 ou com Luiz Felipe em 2012. Felipão até ganhou uma Copa do Brasil deste jeito, falta cruzada por Marcos Assunção e cabeceada por Betinho.
O São Paulo nunca foi deste estilo. Bem acostumados, os tricolores assistiram aos contra-ataques mortais dos Menudos, às trocas de passes rápidos com Telê, à força de marcação desde o ataque com Muricy.
Por enquanto, Bauza tenta fazer uma equipe sólida na defesa e não consegue. Precisa de tempo e treino para isso. Com os jogos estrangulados entre domingo e quarta e viagens longas como a desta semana, o novo São Paulo, por ora, tem só bola parada. O gol de Ganso, contra o River, nasceu de uma delas.
Está na hora de festejar mais gols. Comemorar escanteios não vai levar nem às oitavas de final da Copa Libertadores.
Sem Lucas Lima
O jogo contra o Água Santa no sábado (12) à noite deu a vitória, mas não a tranquilidade no Santos. Sem Lucas Lima, não há vida. Rafael Longuine não é nem de longe o jogador que resolve jogos, como Lucas Lima ajudou a fazer contra o Corinthians.
Relativamente
O Corinthians acertou 90% dos passes contra o Botafogo. Foram só 85% contra o Cerro Porteño e 83% contra o Santa Fé, estes pela Libertadores. Não dá para dizer que melhorou, porque o Botafogo é pior. O PSG acertou 92% contra o Chelsea.