Fred quebra silêncio e dá sua versão do conflito com Levir: Nos acertamos 15/04/2016
- Hector Werlang - GloboEsporte.com
Após ser reintegrado e participado do seu primeiro treino com o restante do time, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, o atacante Fred concedeu entrevista ontem. A missão era explicar o conflito que teve com o técnico Levir Culpi e o processo de paz, selado após uma reunião realizada nas Laranjeiras. O atleta contou que o principal problema foi uma discussão que teve com o comandante, que o acusara de ter humilhado Gustavo Scarpa no vestiário.
Com a voz embargada em alguns momentos, o camisa 9 contou ter ficado "algumas noites sem dormir", mas garantiu que tudo ficou acertado e que não vai mudar seu estilo de liderança.
- Levir deu a versão dele. Nos acertamos. Não tem melindre nenhum. Na emoção do jogo, já fiz muita coisa que sentado aqui não faria - afirmou.
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Antes de começar a responder os questionamentos, Fred fez um pronunciamento e deu sua versão do ocorrido.
- Vou ser objetivo e simples, como sempre fui para resolver os problemas no Fluminense. Meu problema com Levir não foram as substituições, como todo mundo falava. Vou esclarecer, teve muitas versões. Vou dar a minha, a verdadeira. Após um jogo, tive uma discussão no vestiário, que considero normal. Levir reuniu todo o grupo, no outro dia, dizendo que eu estava humilhando um companheiro meu (Gustavo Scarpa). Me entristeceu, não aceitei. Jamais vou fazer algo assim. Ele não conhecia a história aqui. Esse jogador eu engraxei a chuteira, quando me deu passe. Eu ajudei esse jogador. Eu chorei com gol dele. Aquilo me deixou muito mal. Eu tenho uma forma de pensar, de agir dentro do vestiário. Ninguém vai me mudar, é meu jeito. Lidero a equipe há sete anos. Nunca levei um problema... ele morre ali dentro. Já tive várias discussões. E depois se acerta. E morria o negócio. Foram dias complicados para todos, especialmente para mim. Eu sei que o Fluminense é a minha casa. Graças a Deus, com a reunião com Peter, Jorge e Levir. A gente se acertou. Unir forças, se ajudar e concretizar o que achamos - explicou.
Depois de ficar fora do jogo contra o Volta Redonda, na última rodada, Fred retorna ao time para o clássico com o Vasco, domingo, às 16h, na Arena Amazônia, em Manaus. O duelo vai definir o campeão da Taça Guanabara. Quarta-feira, dia 20, o Tricolor tem mais uma final, desta vez da Primeira Liga, em Juiz de Fora, contra o Atlético-PR.
Confira a entrevista de Fred:
Trabalho de Levir Culpi
O trabalho está sendo perfeito. Sabemos que uma hora pode ter derrota. Podemos conquistar títulos. É só lutar para pegar, tem dois aí na mesa. Temos mais sete meses de campeonato duro. O que a gente tem que fazer agora é limpar as mágoas, tirar o rancor e dar a mão um pro outro. Eles sabem que posso ser importante para eles. Todas as vezes que o clube me deu a mão, isso deu certo. E quero agradecer ao clube por me dar mais uma vez. O time tá bem, o Levir tá fazendo um grande trabalho. E tenho certeza que daí vão sair gols e títulos.
Momento mais difícil até hoje no Flu?
Achei que ia acabar, cara. Eu pensava... “não posso sair”. Quem mais me ajudou foi a minha esposa. Era com ela que eu desabafava. Todos os momentos eu olhava para o lado e via o Gum, o Cavalieri, o Márcio, o segurança. Ouvia o Maracanã gritando “Fred, Fred”. Dessa vez, eu não pude ter nada. Foi bem difícil, sim."
"Achei que havia maldade"
Na minha cabeça, senti que havia maldade. Passei por vários problemas aqui. Já cheguei ao fundo do poço e me reergui. Volto mais forte. Tem o ditado: o que não me mata, me fortalece. Naquele momento, senti maldade. Tenho meu gênio forte. Levir também. Ele é comandante e tem o direito de fazer o que quiser.
"Não posso jogar minha história no lixo"
Até eu falar, queria resolver as coisas o mais rápido possível. Graças a Deus, não falei nada antes. Após reflexão e oração, as coisas foram clareando. Não posso jogar a minha história de título na lata de lixo. O que eu falei ao Peter e ao Levir... se tivesse maldade, tínhamos de resolver. Assim como se tivesse fritura para eu sair... O momento era de falar. A conversa foi boa.
Forma física
Estou treinando. Normal. Passei algumas noites sem dormir. Vou para o jogo. Tudo voltou ao normal.
Relação com os mais jovens
Minha relação com os jogadores é ótima. Muitas vezes fui criticado porque protegia os moleques. Agora, o desgaste foi porque teve cobrança. Futebol é assim. Não tem como pedir por favor. Se não resolver no campo ou no vestiário, não se resolve. É a minha vida aquilo ali. Se não fizer gol e não ganhar fico triste. Não tenho problema com nenhum. Já tive discussão com outros atletas, algo normal.
"Ou ele ou eu"?
Não falei que era ou ele ou eu. Pelo contrário. Tem reunião que não se pode expor. Mas tudo foi exposto. Falei ao presidente que Levir fazia um grande trabalho. Disse ao presidente que sentia que tinha dado para mim. Que ia ter de sair. Graças a Deus, deu tudo certo.
"Foi esclarecido que não tem nada de maldoso"
Se eu sentir que tem alguma maldade, eu não consigo ficar. Eu sei que seria errado sair. Se existisse, não iria conseguir ficar. Foi esclarecido que não tem nada maldoso. Poderia ter 50 anos de casa. Mas não consigo ficar calado. Admiro quem consegue fazer isso.
Carinho no momento difícil
Eu vi o que eu recebi. De uma pancada de gente. As três pessoas que fazem o almoço no clube foram chorando me ver. Não é só o clube e as marcas é pelo calor humano.
strong>Substituições constantes
Nenhum jogador competitivo não gosta de banco. Cristóvão me deixou no banco e nunca o expus. Sou competitivo no meu espaço. Se alguém tiver rancor, tem de tirar. Um tem de dar a mão ao outro. Todos podem ajudar. Estou muito fortalecido. Estou motivado. O time está bem.
Problema com Scarpa?
Nunca tive problema com Scarpa. Todos vão falar que sou chato. O melhor é resolver no começo. Antigamente, era cornetado por proteger os moleques. Não tenho problema com nenhum dos meninos, mas é com eles que mais me desgasto. Já com Edson. Imagina se ele vem para cima, estou morto. A cobrança entre jogadores é normal.
Conflitos de Levir com estrelas como Ronaldinho e Tardelli
Se aconteceu algo por onde o Levir passou, de falta de entrega e de compromisso, comigo é ao contrário. Não me encaixo nisso.
Algum melindre agora com os garotos?
Levir deu a versão dele. Nos acertamos. Não tem melindre nenhum. Na emoção do jogo, já fiz muita coisa que sentado aqui não faria. Vai lá ver como é. Perder um jogo e ficar fora de uma final. Não tem como falar “por favor”. Não tem como eu mudar por causa dele e ele mudar por minha causa. Tem de haver respeito para a gente poder crescer juntos.
Apoio das pessoas mais próximas
Todo mundo pediu para eu ficar. Funcionários, jogadores... Recebi muitas cartas de vizinhos... Teve uma carta do Marcos Caetano que me emocionou. Outro texto do Rica Perrone. Torcedor mandou também nas redes sociais. Jogadores me ligaram, pediram para eu voltar. Fiquei feliz. Aqui é a minha casa.
Propostas de outros clubes
Chegaram propostas de outros clubes. Para mim e para o clube. Não conversei com ninguém.