Governo interdita três cooperativas de leite 03/11/2007
- Agência Estado
O Ministério da Agricultura realizou ontem vistorias em três empresas de leite, interditando-as temporariamente. A Avipal, em Itumbiara (GO), e duas unidades da Parmalat, uma em Carazinho (RS) e outra em Santa Helena (GO), foram fechadas para inspeção até que se comprove a qualidade do produto longa vida. Um lote da unidade em Santa Helena e outros três em Carazinho foram interditados e tiveram amostras recolhidas para análise. Em Uberaba, a Coopervale teve suspensa a venda de leite tipo C e de outros produtos lácteos, além do longa vida, já proibido.
O ministério informou que as empresas investigadas na Operação Ouro Branco da Polícia Federal (PF), que apura o esquema de adulteração de leite longa vida pela adição de soda cáustica e água oxigenada para dar mais volume e mascarar a má qualidade do produto, não poderão comercializar leite UHT (longa vida) até que seus processos de produção sejam avaliados. As empresas poderão fabricar e estocar o produto, mas não vendê-lo.
Em Carazinho, onde dois lotes de leite longa vida foram interditados há uma semana pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), amostras de outros três lotes foram recolhidas ontem e encaminhadas para análise. O superintendente regional do ministério, Francisco Signor, disse que a inspeção é de rotina e a comercialização será retomada nos próximos dias se os exames comprovarem que o leite está dentro dos padrões.
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Ontem, a fábrica manteve as atividades de recepção e beneficiamento, mas não despachou cargas. A informação inicial fornecida pelo ministério era que havia sido suspensa a venda de leite fornecido pelas quatro cooperativas mais a Casmil, em Passos (MG) - alvo dos policiais logo no primeiro dia da operação. Num primeiro momento, a assessoria de imprensa confirmou a interdição, mas depois recuou e disse apenas que um ofício proibira a comercialização.
A decisão foi tomada depois que técnicos do ministério avaliaram e verificaram que o leite integral produzido nessas empresas estava fora de padrão. Não especificaram quais seriam as disparidades, mas as fraudes podem envolver adição de água, açúcar, soro ou a presença de níveis excessivos de alcalinidade.
O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, lembrou que há cinco anos os produtores vêm denunciando ao ministério fraudes econômicas na cadeia produtiva do leite. ¨Não imaginávamos que a situação fosse tão grave quanto o que está sendo colocado pela Polícia Federal, mas imaginávamos que estava havendo adulteração do produto com adição de soro, água ou amido¨, afirmou.
Apesar da insistência dos produtores, o governo não tomou providências, disse ele, sem apontar o nome dos culpados. Ele lembrou que o governo não tem condições de fazer uma fiscalização efetiva na cadeia produtiva do leite. O leite é produzido em todos os 5.565 municípios do País. Para fiscalizar os 1.700 empresas do setor lácteo, existem 212 fiscais federais agropecuários. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou um novo modelo de fiscalização para as indústrias de leite que deve começar na segunda-feira. Vistorias surpresa serão feitas aleatoriamente.