Tocha coloca holofote no Brasil 03/05/2016
- Edgard Alves - Folha de S.Paulo
Os olhos do mundo voltam-se para Brasília neste 3 de maio. Não por causa de qualquer evento turbulento ou da hipocrisia política que assola a capital federal do Brasil nos últimos tempos.
É que lá chegou a chama olímpica, abrindo um revezamento por 327 cidades brasileiras até 5 de agosto, no Rio, quando ela será usada para acender a pira, na abertura da Olimpíada.
A chama foi acesa no berço dos Jogos, a Grécia, na semana passada, e levada para a Suíça, onde, depois de passar pelo Palácio das Nações Unidas, em Genebra, foi para o Museu Olímpico do COI, em Lausanne, antes de embarcar para o território brasileiro.
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Olimpíada é o espaço de quatro anos entre duas celebrações consecutivas dos Jogos Olímpicos de Verão ou de Inverno. O termo também é usado para designar os Jogos em si.
As cidades-Estado da Grécia realizavam disputas poliesportivas na Antiguidade, quando até guerras eram interrompidas durante o evento. Esportistas passavam pelas cidades anunciando as disputas e a trégua. Por motivos diversos, de políticos a religiosos, os Jogos acabaram proibidos pelos governantes.
A competição, como na atualidade, aberta à participação de vários países –hoje são 206–, foi retomada em 1896, na Grécia, incentivada e articulada pelo francês Pierre de Frédy, o barão de Coubertin. Atenas abrigou o início dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Mas o evento da tocha olímpica nessa nova fase foi introduzido apenas nos Jogos de Berlim-1936, numa iniciativa da Alemanha.
Na época, Adolf Hitler dominava aquele país e montava a máquina assassina do nazismo, que, tragicamente, o mundo conheceu pouco depois. A tocha fez sucesso.
Um revezamento de 3.000 pessoas conduziu a chama desde a Grécia até o estádio olímpico de Berlim.
A ideia do revezamento da tocha contemplava cruzar fronteiras, porém, desde os Jogos de Pequim-2008, quando ativistas do Tibete, região autônoma da China, aproveitaram a oportunidade para protestos, o COI decidiu que o percurso passaria a ser traçado apenas no território da sede olímpica.
No caso do Brasil, certamente o comitê esperava por um país menos dividido do que no momento. Desde que foi acesa na Grécia para a viagem ao Rio, a chama é monitorada por câmeras e por guardiões em plantão ininterrupto.
O percurso do fogo olímpico pelo Brasil é conhecido. Em contrapartida, a localização da pira, o ponto final do revezamento da tocha, continua envolto em suspense, embora o prefeito do Rio tenha adiantado que será na região portuária, no centro da cidade. Ela vai ficar fora do estádio olímpico, uma novidade nos Jogos de Verão, diferentemente dos de Inverno, que já passaram pela experiência.
Na Olimpíada de Verão, a pira sempre esteve posicionada no estádio olímpico, tradicional palco das solenidades de abertura e encerramento do evento, respectivamente, quando a chama é acesa e apagada.
No Rio, vai mudar tudo, porque ambas as cerimônias não ocorrerão no estádio olímpico, o Engenhão. Elas estão programadas para o Maracanã, mais amplo. Entretanto, a pira tampouco ficará naquele estádio. Outra interrogação: como ela vai ser acesa à distância? É esperar para saber. Paciência.