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DIA A DIA

Por dentro do Audax: clube se ergue com TV própria e ajuda de milionários
07/05/2016 - Leonardo Lourenço - GloboEsporte.com

Nos escritórios de um dos maiores bancos do país, altos executivos se reuniam vez ou outra para ver jogos de futebol de base em transmissões feitas com poucos recursos, via internet. O anfitrião mostrava com orgulho, aos colegas, os primeiros resultados do que se transformaria na principal surpresa do esporte nacional em 2016.

Naquelas salas eram dados passos importantes para a construção do Audax, que neste domingo disputa o jogo de volta da final do Campeonato Paulista com o Santos. Não foram os primeiros, porém. A caminhada que colocou a equipe de Osasco, cidade de 700 mil habitantes na Grande São Paulo, como candidata ao título estadual começou antes, com a paixão de um mecenas.

Membro do Conselho de Administração do Bradesco – um dos principais órgãos de comando do banco sediado em Osasco –, Mário Teixeira via, todo final de semana, uma escolinha de futebol próxima a uma de suas empresas, em Embu das Artes. Fanático pela Ponte Preta, comprou a escolinha, acertou uma franquia com o clube de Campinas e sonhou formar jogadores que finalmente levassem seu time do coração à conquista de um título.


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O "Grupo Osasco" é responsável pela administração do Audax-SP, do Audax-RJ, do Grêmio Osasco, do Osasco FC e de um time feminino, parceria entre o Audax-SP e o Corinthians. São cerca de 150 atletas nos elencos profissionais.

As coisas não funcionaram dessa forma – o que não quer dizer que deram errado. Uma taça conquistada pelos garotos empolgou o empresário com a chance de ver aqueles meninos numa competição oficial. O Grêmio Esportivo Osasco era a porta de entrada.

O clube, na terceira divisão paulista, foi a primeira aquisição de Teixeira, que, antes de assumir o profissional, geriu o departamento de formação de atletas.

A possibilidade de pegar um atalho direto para a elite estadual foi o empurrão para a compra do Audax, então debaixo do guarda-chuva do Grupo Pão de Açúcar (GPA), em 2013. No meio do caminho, Teixeira ainda assumiu o comando do Osasco Futebol Clube, equipe pequena da cidade, que logo assumiu uniforme idêntico ao da Ponte Preta.

Formou-se o que os colaboradores de Teixeira chamam de "Grupo Osasco": cinco times de futebol – o Grêmio Esportivo Osasco, Audax-SP, Audax-RJ, Osasco FC e a equipe feminina do Audax, em parceria com o Corinthians – que empregam cerca de 150 atletas nos elencos profissionais, além de outros 300 garotos nas categorias de base.

ATALHO PARA A SÉRIE A1

Em 2012, o Grêmio Osasco foi vice-campeão da Série A3 do Paulista e conquistou o acesso para a segunda divisão, onde, no ano seguinte, encontrou-se com o Audax, ainda nas mãos do GPA. No fim daquele campeonato, só o Audax havia subido.

Uma disputa interna entre o empresário Abílio Diniz, fundador do Pão de Açúcar e principal entusiasta do projeto de futebol mantido pela companhia, e o grupo francês Casino, controlador do GPA, colocou o Audax no mercado. Teixeira aproveitou – um negócio estimado em R$ 30 milhões.

A aquisição do Audax não foi a primeira opção. Um ano antes, Teixeira havia acertado parceria com o Barueri, clube para o qual emprestou atletas e enviou dirigentes para uma gestão compartilhada – uma espécie de experiência antes de comprar o time. Não deu certo.
– A gente buscava uma equipe que tivesse calendário o ano inteiro – afirma o atual diretor de futebol do Audax, Nei Teixeira.

Na época, o Barueri estava na Série B do Brasileiro. Não era o caso da equipe à venda pelo GPA, mas a vaga na elite paulista pesou.

Na primeira temporada na A1, a nova equipe de Osasco teve campanha modesta. O estilo de jogo, com troca de passes e poucos chutões, chamava a atenção, mas era tratado com desdém. O técnico Fernando Diniz já estava no banco.

Diniz deixou o clube após o Campeonato Paulista do ano passado para assumir o Paraná na Série B, sem sucesso.

Em setembro, com o Audax eliminado precocemente da Copa Paulista, o técnico voltou a Osasco e começou a montagem do time finalista deste estadual.

– Tínhamos oito ou nove jogadores que estavam conosco desde 2014, mas fomos repatriar outros. Conseguimos o retorno do Felipe, Francis, Bruno Silva, Camacho, Bruno, Ítalo, do Tchê Tchê. Em outubro iniciamos nosso trabalho com 14 jogadores. Do que planejamos em setembro, só não conseguimos contratar dois jogadores. Aí percebemos que ia dar certo - diz Nei Teixeira.

Com o fim do Paulista e vaga garantida na Série D, a remontagem do elenco começará na segunda-feira. São esperadas baixas consideráveis: Tchê Tchê já se acertou com o Palmeiras; Bruno Paulo e Camacho devem ir para o Corinthians. A prioridade, entretanto, é segurar Fernando Diniz para buscar o acesso à terceira divisão nacional.

Arquiteto do time, Diniz revelou recentemente a sondagem de clubes de maior expressão. Os próprios dirigentes do Audax admitem que, mais cedo ou mais tarde, perderão o técnico para outra equipe. Só esperam que não seja agora.

– Vai chegar uma hora de cortar esse cordão umbilical. Mas acho que não é o momento ainda. O projeto é muito sólido, e ele também acha isso. Vejo o Diniz no time no segundo semestre - completa o diretor de futebol.

A AJUDA DOS AMIGOS

Nenhuma outra entidade consegue captar tantos recursos via Lei de Incentivo ao Esporte com pessoas físicas quando o grupo que controla o Audax. Desde 2011, já foram arrecadados R$ 12,4 milhões para a manutenção de projetos de base só com o benefício federal.

Só através da Lei de Incentivo ao Esporte federal o grupo já captou R$ 12,4 milhões, 84% desse valor com pessoas físicas; executivos do Bradesco, ex-colegas de Mário Teixeira, são os principais doadores dos recursos para a manutenção das categorias de base dos clubes.

Boa parte disso foi conquistada nas mesmas salas em que Mário Teixeira se reunia com os colegas para ver os jogos dos seus times. Do total captado, 84% foi doado por executivos ligados ao Bradesco.

Do Conselho de Administração, sete dos oito membros doaram, até agora, R$ 2,9 milhões. Da diretoria executiva, 14 integrantes contribuíram.

O ex-Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que teve cadeira no alto escalão do banco antes de ingressar no Governo Federal, doou R$ 5 mil – valor bem modesto comparado a outros, que somam até R$ 800 mil.

Uma comparação: o Esporte Clube Pinheiros, instituição que mais capta recursos através da Lei de Incentivo ao Esporte federal em São Paulo, conseguiu apenas 0,04% dos R$ 78,5 milhões já arrecadados através de pessoas físicas.

O Bradesco não mantém nenhum vínculo institucional com os clubes de Mário Teixeira, que se aposentou em março, nem orienta seus executivos a colaborarem, no que é considerada uma ação pessoal, segundo a assessoria de imprensa do banco.

Foram seis projetos aprovados para captação – a lei permite a doação de até 6% do valor devido do imposto de renda, para pessoas físicas, e 1% para pessoas jurídicas –, cinco deles ligados ao Osasco Futebol Clube, um, ainda em captação, relacionado ao Audax, o maior deles, de R$ 5,6 milhões.

O grupo também arrecada através de leis de incentivo municipal e estadual, segundo o coordenador de projetos Adelsio Reis, que gerencia uma equipe de seis pessoas dedicadas exclusivamente ao assunto.

– Arrecadamos até R$ 15 milhões por ano nas três esferas. Utilizamos na alimentação, em nutricionistas, psicólogos, médicos, na compra de material esportivo - explica Reis, que calcula o número de beneficiados em cerca de 300 garotos da base do Audax e do Osasco FC.

Os resultados surgiram: no ano passado o Audax foi campeão paulista sub-15 ao bater o Santos na Vila Belmiro. Em 2014, o Grêmio Osasco foi vice-campeão, derrotado pelo Corinthians. O Osasco FC joga a quarta divisão estadual, torneio que permite a presença de apenas três atletas com mais de 23 anos por partida.

– Temos 30 escolinhas no país, com nossa metodologia de jogo, sem chutão, com troca de passes. Enviamos vídeos, apresentações para eles entenderem - conta Reis.

– Nossas categorias de base já têm uma ideia do nosso modelo. Cada treinador tem uma particularidade, mas damos orientação - completa Nei Teixeira.

A expectativa é repetir, no profissional, o que o sub-15 fez na decisão do Paulista da categoria em 2015. Contra o mesmo Santos, as equipes duelaram na final do estadual da categoria: a primeira partida terminou 1 a 1 em Osasco, placar idêntico ao do último domingo, e 1 a 0 na Vila Belmiro, vitória que, repetida neste final de semana, dará o título paulista ao Audax.

NA TV

As transmissões via internet que ajudavam Mário Teixeira a acompanhar seus times quando não podia estar no estádio também se tornaram um negócio para o mecenas do Audax. Primeiro, uma Web TV, e depois um canal de TV a cabo presente em cidades da Grande São Paulo.

– Transmitimos jogos da base, programas sobre os times, para divulgar nossas marcas - explica Gustavo Ferranti, filho de Mário Teixeira e responsável pela administração dos clubes.

A presença das equipes do grupo na programação é massiva: a grade divulgada entre as 6h da última quinta-feira às 6h desta sexta previa mais de nove horas de programas relacionados ao Audax ou o Osasco FC – o restante é preenchido por produtoras parceiras.

No ano passado, uma equipe da TV foi enviada ao Amazonas para acompanhar um projeto de R$ 300 mil que escolheu 28 garotos indígenas para disputarem a Copa São Paulo com a camisa do Grêmio Osasco – ação que acabou vetada pela FPF (Federação Paulista de Futebol), que alegou erro na inscrição dos meninos.

As receitas ainda são modestas, apesar de terem crescido de 2014 para 2015. No balanço financeiro divulgado no mês passado, o Audax aponta uma arrecadação de R$ 8,2 milhões, bem superior aos R$ 2,6 milhões do ano anterior, mas ainda insuficientes para colocar as contas no azul – o prejuízo foi de R$ 673 mil no último exercício. Mário Teixeira completa os cofres.

– Meu pai tem a teoria de que ele, que tem 70 anos, vai viver até os 80. Pegar parte do patrimônio e investir para devolver algo para sociedade o satisfaz - conta Gustavo Ferranti.


  

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