Caixa vai financiar compra de imóveis de até R$ 3 milhões 18/07/2016
- REUTERS
A Caixa Econômica Federal vai elevar o teto do valor de imóveis financiáveis pelo banco para R$ 3 milhões. O percentual financiável também passará de 70% para 80% no caso de imóveis novos e de 60% para 70% no caso de usados.
A ideia é facilitar as condições para as construtoras, num esforço para acelerar os desembolsos no segundo semestre, disse um executivo do banco.
O banco também está reabrindo e expandindo uma linha que permite a transferência de financiamento imobiliário que tenha sido contratado com outros bancos. Com isso, mutuários poderão transferir para a Caixa até 70% do empréstimo que tenha tomado com outras instituições financeiras. O limite hoje é de 50%.
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Outras medidas para pessoas físicas incluem elevar o nível de aprovação das propostas pelo banco, hoje em torno de 80%, além de uma intensa campanha de divulgação.
"No segundo semestre temos que fazer muito mais", de acordo com o vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antonio de Souza, em entrevista à Reuters.
Até junho deste ano, a Caixa, maior financiador imobiliário do país, concedeu menos de R$ 39 bilhões de um orçamento anual hoje em cerca de R$ 93 bilhões.
O esforço para fazer o setor, um dos que mais refletem a forte recessão no país, voltar a ganhar tração inclui também flexibilização de parâmetros para concessão de recursos às construtoras.
Uma das iniciativas nesse sentido é a reabertura do chamado Plano Empresário (PEC), mecanismo simplificado de financiamento que tinha sido suspenso por causa do aumento da inadimplência e do grande volume de renegociações.
Além de ser reaberta, a linha terá o prazo de amortização estendido de 6 para 12 meses, com carência de 6 meses.
TENTATIVA DE REVERSÃO
O foco da Caixa em imóveis para famílias de renda mais alta visa a reverter a tendência de forte contração, provocada em parte pelo escasseamento de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), principal fonte de recursos de financiamento imobiliário do país.
A caderneta de poupança, que lastreia o SBPE, teve saída líquida de R$ 42,6 bilhões no primeiro semestre, pior resultado para o período da série histórica iniciada em 1995, segundo o Banco Central.
Segundo número mais recente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume de financiamento do SBPE para compra de imóveis somou R$ 10,9 bilhões de janeiro a março, queda de 54,6% ante igual período de 2015.
Com isso, a Caixa ficou mais rigorosa nas novas concessões, exigindo valor de entrada maior ou mais garantias dos tomadores.
O movimento casou com a queda na demanda por empréstimos, devido à combinação de desemprego ascendente e inflação alta, que têm pressionado a renda das famílias.
No caso da Caixa, um dos reflexos desse cenário foi a queda de cerca de 6% no volume de concessões nos seus feirões da casa própria, 14 eventos regionais que o banco faz todo ano, para R$ 10,3 bilhões.
No entanto, o banco conseguiu outras fontes de recursos, incluindo FGTS, emissão de letras financeiras e liberação de depósitos compulsórios.
"Fomos atrás e conseguimos recursos que estavam faltando", disse Souza. "Agora temos dinheiro sobrando", afirmou.
Além das medidas para famílias de classes de média e alta rendas, a Caixa está voltando a acelerar contratações no âmbito do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.
Na sexta-feira (15), o ministro das Cidades, Bruno Araújo, disse que o governo federal pretende contratar de 300 mil a 400 mil unidades das faixas 2 e 3 do programa até dezembro.