Igreja Ortodoxa reconhece o papa 16/11/2007
- France Presse
Em importante passo para reunificação dos cristãos, grupo do Oriente admitiu pontífice como ¨primeiro patriarca¨
Os ortodoxos aceitaram deixar de lado parte das divergências históricas com os católicos e reconheceram o papa como o “primeiro patriarca” dos cristãos. No entanto, continuam discordando das prerrogativas do líder máximo da Igreja Católica. Os ortodoxos se separaram dos católicos no século 11.
A decisão de reconhecer o papa está em um texto elaborado pela Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre Católicos e Ortodoxos, que se reuniu em outubro, na Itália. O documento, no entanto, não foi assinado pela poderosa Igreja Ortodoxa Russa, que abandonou a reunião em protesto contra a presença da Igreja Apostólica da Estônia, que não é reconhecida pelo Patriarcado de Moscou. A Igreja Católica lamentou o incidente e afirmou que não poderia interferir em questões internas dos ortodoxos.
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As divergências sobre os poderes do papa continuam sendo um obstáculo à unidade entre católicos e ortodoxos. A Igreja Ortodoxa rejeita a jurisdição universal do bispo de Roma (o papa), assim como o dogma da infalibilidade do pontífice. Ortodoxo é uma palavra derivada do grego que significa “ensinamento correto”.
“No próximo encontro, teremos de falar sobre o papel do bispo de Roma. Não será fácil. O caminho é muito longo e difícil”, disse o cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos. A próxima reunião será daqui a dois anos.
Além das divergências teológicas, os ortodoxos acusam Roma de tentar se expandir por territórios que estão sob seu controle. O papa Bento XVI considera a unidade dos cristãos um dos eixos de seu pontificado e se declarou disposto a dar passos concretos.
Os católicos afirmam ter hoje 1,1 bilhão de fiéis no mundo. Os ortodoxos, 250 milhões. Os dois grupos cristãos estão divididos desde o cisma (cisão) de 1054 entre o Oriente (Constantinopla) e o Ocidente (Roma). A situação do papa sempre foi o principal obstáculo para a reunificação.
O documento divulgado ontem foi redigido por uma delegação da Igreja Católica, liderada pelo cardeal Walter Kasper, e por outra das igrejas ortodoxas, presidida pelo metropolita (arcebispo) Zizioulas, do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Também participaram do encontro representantes das igrejas ortodoxas grega e cipriota. O texto será publicado ao mesmo tempo em Roma, Atenas, Chipre e Istambul, sede do patriarcado ecumênico de Constantinopla.