Temer quer que PEC do Teto seja o Plano Real de seu governo 11/10/2016
- Carla Araújo e Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo
A aprovação da PEC do teto dos gastos em primeiro turno foi bastante celebrada no gabinete presidencial de Michel Temer, que estava acompanhado dos ministros palacianos e assessores mais próximos.
A medida, que é tida pelo governo como crucial para o reequilíbrio das contas, deve ser a marca da gestão Temer.
Segundo um interlocutor de Temer, o presidente quer que a medida seja o verdadeiro legado de seu governo ao País, a exemplo do que foi o Plano Real do governo Fernando Henrique Cardoso.
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Logo após a aprovação, Temer fez questão de telefonar para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e para os líderes da base para agradecer o empenho de estar em Brasília numa antevéspera de feriado.
Além disso, determinou a estreia do porta-voz Alexandre Parola para dar a mensagem oficial do governo exaltando a parceria entre Executivo e Legislativo e agradecendo "cada uma das parlamentares e dos parlamentares que foram parceiras e parceiros nesta vitória maiúscula".
Ao longo do dia, o entra e sai no gabinete ficou reduzido, já que, segundo assessores, o presidente preferiu conversar por telefone a receber deputados. Os poucos que vieram ao Planalto foram recebidos pelo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
Mas a ordem era que eles atravessassem a rua e marcassem posição nos debates da PEC.
Para reforçar a posição do governo, o presidente exonerou três ministro - Bruno Araújo (Cidades), Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) e Marx Beltrão (Turismo) - como "sinal político" para que eles pudessem falar de "igual para igual" com os seus pares.
Os três devem ser renomeados nesta terça-feira, 11.
Placar
Apesar de o presidente evitar falar em placar, a vitória por 366 votos também foi amplamente comemorada.
Para interlocutores de Temer, o resultado positivo é fruto de um esforço pessoal do presidente que investiu no contato com os parlamentares em eventos "fora da agenda".
A estreia de Temer em eventos no Alvorada foi justamente para receber deputados e os convencer da necessidade da aprovação da PEC.
Segundo uma fonte, muitos parlamentares sentiram-se prestigiados já que nunca haviam entrado na residência oficial da Presidência.
Muito menos, acompanhados de suas esposas e até de filhos, como proporcionou o presidente no domingo, 10.
O modelo, inclusive, deve ser repetido para o segundo turno da PEC na Câmara, e já está programado para acontecer quando a proposta chegar ao Senado.
Durante a comemoração do considerado expressivo placar, foi lembrado que o número de votos foi apenas um a menos do que os 367 que determinaram a abertura do processo de impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff.
Reações
A despeito da ocupação do prédio da presidência da república em São Paulo, interlocutores do presidente afirmam que o governo está pronto para lidar com os movimentos contrários à PEC, já que há - na visão do governo - argumentos suficientes que mostram que se o texto não for implementado haverá um colapso nas contas públicas.
"Não há preocupação, pois o povo brasileiro sabe que estamos fazendo um sacrifício e ele será aplaudido", disse um interlocutor.
Nem mesmo as manifestações judiciais e uma possível judicialização assustam o governo.
"Pode até haver alguma (judicialização), mas não acreditamos que terá prejuízo a constitucionalidade da PEC", disse.