Ainda não sei se serei candidata em 2018, diz Marina 17/10/2016
- ANDREZA MATAIS - O ESTADO DE S.PAULO
Depois de disputar duas eleições presidenciais com votação expressiva, a ex-senadora Marina Silva surpreende ao anunciar que ainda não decidiu se vai concorrer pela terceira vez, em 2018.
Líder inconteste da Rede, Marina tem preferido priorizar a consolidação de seu partido, fundado há um ano.
Apesar da minguada votação nas duas maiores cidades do País (São Paulo e Rio), Marina defende o desempenho do partido nas eleições municipais.
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RESULTADO DA ELEIÇÃO
- A Rede elegeu cinco prefeituras e está no segundo turno em várias cidades. Obviamente, nossa votação em São Paulo e no Rio não foi a que desejamos, mas um partido não se constrói da noite para o dia. Só temos um ano de vida.
POLARIZAÇÃO
- Nunca a polarização saiu tão fortalecida como agora. Em todos os lugares. Talvez, daqui a pouco, tenhamos polarização entre PSDB e PMDB.
REDE
- Dá para sentir que há certa dificuldade de lidar com a Rede. Como ela não se submete à lógica da polarização e tenta criar seu próprio caminho, as pessoas ficam sem referências. Aí, fica difícil.
DISSIDÊNCIA
- Eu sabia que havia um movimento de insatisfação de um grupo, em função da questão do impeachment. É generoso deixar por escrito a razão da saída, e não poderia ser diferente, sobretudo partindo de pessoas tão respeitáveis.
GOVERNO TEMER
- Temer é a outra face do governo Dilma, mas com uma diferença. O governo Dilma estava em alta velocidade em direção ao abismo; este governo está ziguezagueando com uma boa equipe econômica para tentar se desviar do abismo.
TETO DE GASTOS
- A primeira pessoa a levantar isso fui eu, em 2010. Disse que medidas precisavam ser tomadas, e fui duramente criticada, porque isso compromete os ganhos sociais. O problema é que nós temos um pacote para 20 anos, congelando a democracia. As coisas poderiam ser resolvidas no debate.
2018
- Ainda não sei se serei candidata. Dei minha contribuição em 2010 e 2014 e minha presença ajudou a produzir dois segundos turnos.
GASTOS PÚBLICOS
- Não tem como continuar comprometendo as finanças públicas desse jeito. No entanto, o governo está propondo uma série de coisas não para ele, mas para quem vai governar em 2018. Além disso, até agora ele não reduziu gastos públicos. O que se fez foi mudar a lei para aumentar o tamanho do espaço para o gasto público, que foi para R$ 170 bilhões.
ENSINO MÉDIO
- O problema dessa reforma é ser feita por medida provisória. É uma visão reducionista. Mudanças tão significativas em uma área tão importante precisam de debate com o Congresso, com a sociedade, com os secretários municipais e estaduais de Educação.
CRISE POLÍTICA
- Eu ouso dizer que não se trata de uma crise política, mas uma crise na política. A violência na política hoje passou a ser um método. Nós tivemos as oportunidades de viver vários segundos turnos e os candidatos não debatem o País. Os candidatos apenas debatem o poder.
LAVA JATO
- O trabalho da força-tarefa é relevante, mas não fico feliz quando vejo as principais lideranças, sejam do PT, PSDB ou PMDB, sendo cada vez mais implicadas na Lava Jato. Aliás, existe a convergência entre PT, PSDB e PMDB de arrefecer a Lava Jato. Tanto é que colocaram uma emenda nas 10 medidas para anistiar o crime de caixa dois. É de uma ousadia sem tamanho.
PREVIDÊNCIA
É preciso ter disposição para fazer o debate. Aliás, a reforma da Previdência vai ser importante também para a questão do gasto público. Sem resolvê-la, fica difícil solucionar a questão até mesmo do próprio teto de gastos.
PREVIDÊNCIA PARA O AGRONEGÓCIO
- Eu estou dizendo que tem que resolver a previdência como um todo. Inclusive esse caso. Esse é um dos problemas que precisam ser igualmente resolvidos. E eu estou me posicionando. A reforma da Previdência não pode ser pensada apenas para um setor, é uma reforma ampla.