Delação da Odebrecht deve ter mais de 300 anexos com provas de corrupção 04/12/2016
- AMANDA AUDI - O GLOBO
Os acordos de delação premiada dos 77 executivos da empreiteira Odebrecht, incluindo os ex-presidentes Marcelo e Emílio Odebrecht, devem reunir mais de 300 anexos, de acordo com fonte ligada à Lava-Jato.
Cada anexo apresenta um determinado assunto ou pessoa envolvida nos atos de corrupção investigados pela Policia Federal e pelo Ministério Público Federal no âmbito da operação.
Os documentos também elencam os elementos e provas que serão apresentados para embasar o processo delatório.
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Batizada de "Erga Omnes", a PF prendeu nesta fase os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, em junho de 2015. Emílio e Marcelo Odebrecht assinam acordo de delação na Lava-Jato
Nos anexos, os executivos detalharam o que pretendem entregar aos investigadores em troca da redução de pena, caso os acordos sejam posteriormente homologados pela Justiça.
No caso de Marcelo, por exemplo, a pena deve passar de 19 anos e quatro meses para uma um total de 10 anos, na qual ficará na prisão até o final de 2017, com o resto do período dividido entre prisão domiciliar, regimes semiaberto e aberto.
Advogados que participaram das negociações afirmam que o conteúdo dos anexos é quente e deve dar o que falar no meio politico.
Há casos em que um só funcionário assinou 15 anexos, segundo fontes ligadas à investigação.
Centenas de políticos de vários partidos devem ser citados, incluindo alguns da base do presidente Michel Temer (PMDB) e da oposição.
Os 77 acordos de delação dos funcionários da Odebrecht foram assinados entre esta quinta e sexta-feira desta semana.
Os depoimentos devem começar a ser prestados na semana que vem.
Os executivos serão ouvidos em Curitiba, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades onde mantêm residência.
Os três últimos líderes da maior empreiteira do país, que comandaram a Odebrecht entre 1991 e 2015, fecharam acordos de delação.
Além de Emílio e Marcelo Odebrecht, Pedro Novis (que antecedeu Marcelo na presidência do grupo) concordou em contribuir com as investigações relatando como era a dinâmica do relacionamento da empreiteira com o poder público nesse período e os atos de corrupção envolvidos na dinâmica.
As negociações para as delações premiadas se arrastaram por cerca de nove meses.
No início, a empresa se recusava a admitir a prática de ilegalidades.
Marcelo chegou a dizer em depoimento prestado à CPI da Petrobras que se negava a fazer delação por “não ter o que dedurar”.
Agora, o time de defensores da empreiteira considera que os acordos foram uma saída razoável para a empresa e para os executivos.