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DIA A DIA

Preços das commodities agrícolas caem e aliviam inflação
16/04/2017 - LUCAS MORETZSOHN - O GLOBO

As cotações das commodities agrícolas encerraram os últimos 30 dias amargando queda no mercado internacional, incluindo as cotações de soja e milho, insumos que têm impacto na cadeia alimentícia.

A notícia reforçou a expectativa de queda acentuada da inflação em 2017 — cujas projeções, pelo IPCA, recuam há cinco semanas, segundo pesquisa do Banco Central (BC), e já chegam a 3,73% nos cálculos das cinco instituições financeiras que mais acertam previsões.

As commodities agrícolas têm efeito indireto sobre os preços dos alimentos. No caso da soja, afeta itens como margarina e óleo. No do trigo, toda a cadeia de massas e panificados. Já a influência principal do milho é a ração animal — logo, sobre os preços de ovos, carnes e leite.


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— É uma notícia muito favorável. Os preços de alimentos caíram muito no primeiro trimestre, mas no início do segundo já queriam subir. Como chegam do campo informações de que os preços estão recuando mais ainda, isso deve ajudar a diluir o preço ao consumidor — explica Salomão Quadros, superintendente adjunto para inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O contrato de soja com entrega para julho teve queda de 4,09% nos últimos 30 dias na Bolsa de Chicago, enquanto o mesmo contrato de açúcar viu seu valor recuar 8,69% no Intercontinental Exchange (ICE). No exterior, o milho tem alta de 4,65% em 30 dias, mas, segundo Rafael Ribeiro de Lima, consultor de mercado da Scot Consultoria, o grão já registra queda no Brasil em torno de 13%. O preço do trigo caiu 0,2% desde o fim de fevereiro, segundo o Itaú Unibanco.

O Índice de Commodities Agrícolas da instituição financeira recuou 4,3% desde o fim de fevereiro. O Itaú revisou esta semana de 4,1% para 3,9% sua previsão para o IPCA de 2017, apontando como um dos motivos o comportamento favorável dos preços agrícolas.

“A forte desinflação dos preços de alimentos este ano, decorrente do choque de oferta positivo, deve gerar um alívio de 1,2 ponto percentual no resultado do IPCA, equivalente à metade da queda prevista para a inflação no período”, escreveu a equipe do Itaú.

Os produtos agrícolas passam por um período de ajuste de cotação generalizado. Com condições climáticas favoráveis, há uma supersafra de grãos em curso, no Brasil e nos EUA, e os dados são animadores para 2018 — as colheitas futuras em breve começarão a ser negociadas. Fatores isolados também pesam, como a queda de importações de açúcar por Índia e Tailândia.

REVISÕES TAMBÉM PARA PETRÓLEO E MINÉRIO

O grupo alimentação e bebidas passou de uma alta de 12,03% em 12 meses em dezembro de 2015 para 4,04% em março último. Deverá encerrar o ano neste patamar, ou pouco abaixo, levando para menos de 4% o próprio IPCA.

— Os alimentos estão com um comportamento excepcionalmente favorável. E as carnes, com essa perda de exportação por causa da Operação Carne Fraca, também podem ajudar um pouco os preços internos — afirmou Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio.

O minério de ferro é outra commodity em uma fase de baixa. O metal de referência perdeu 22,18% do valor em 30 dias, encerrando a semana a US$ 68,68 a tonelada. Em fevereiro, chegou a atingir seu ápice, na casa dos US$ 94.

Segundo Felipe Beraldi, analista da Tendências, o aumento da oferta também está por trás da queda de preço da commodity, com projetos de mineração como o SD11 da Vale, no Pará, e outros na Austrália.

Como a diminuição do apetite investidor da China, maior comprador de minério, a commodity continuará cedendo, acrescenta Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

Já o petróleo se recupera, após amargar dois anos de queda vertiginosa. Em meados de 2014, o barril tipo Brent girava próximo de US$ 120. Chegou à casa dos US$ 30 na mínima de 2016 e, hoje, a cotação está em torno de US$ 55.

— A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acordou uma redução da produção em 1,2 milhão de barris, em novembro. Há aumento de preço, o que vai beneficiar nossa balança comercial —afirmou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).


  

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