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DIA A DIA

Brasil e Venezuela articulam Pacto Militar Amazônico
27/12/2007 - Carlos Newton - Tribuna da Imprensa

O movimento pela internacionalização da Amazônia, sob pretexto de preservar a maior floresta tropical do planeta, preocupa os governos dos países amazônicos, que já articulam a criação de um pacto militar em defesa de sua soberania sobre esse extenso território, que possui uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo, além de vastas e inexploradas reservas minerais.

O acordo militar, desenvolvido sob rigoroso sigilo, começou a ser negociado pelos governos do Brasil e da Venezuela há cerca de um ano e meio, quando se intensificaram nas Nações Unidas as articulações dos países desenvolvidos que redundaram na aprovação da Declaração dos Povos Indígenas, em setembro de 2006, e que agora conduzem para a criação da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Por coincidência ou não, no mês seguinte à aprovação da Declaração dos Povos Indígenas, em outubro de 2006 o governo da Grã-Bretanha, então comandado pelo primeiro-ministro Tony Blair, chegou a elaborar uma proposta oficial para ser inserida na pauta de um congresso internacional sobre mudança climática, em Monterrey, no México, que reuniu os 20 países mais poluidores do mundo.


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Em entrevista ao jornal ¨Daily Telegraph¨, o então secretário do Ambiente do Reino Unido, David Miliband, revelou que o plano do governo britânico propunha uma ¨privatização completa da Amazônia¨ para evitar desmatamento e combater as emissões de gases-estufa. A proposta previa que uma grande área da região passaria a ser administrada por um consórcio internacional. Grupos ou mesmo pessoas físicas poderiam então comprar árvores da floresta, a pretexto de preservá-la.

Reação

A entrevista ao ¨Daily Telegraph¨ causou imediata reação do governo brasileiro, levando o então porta-voz do Departamento do Ambiente do Reino Unido, Penny Fox, a afirmar que a proposta não fora colocada para discussão em Monterrey. ¨Se alguém tem a intenção de privatizar a floresta não tem muito conhecimento do que é a Amazônia.

Hoje, 75% da região pertencem ao Estado. São áreas que não podem ser vendidas¨, disse à época Tasso Azevedo, diretor do Serviço Florestal Brasileiro, acrescentando que o governo estava aumentando progressivamente as verbas para proteção das reservas amazônicas.

¨Se há interessados em ajudar na preservação de uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo, podem colaborar de várias formas. Uma delas é ajudar o fundo do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Mas, até agora, apenas empresários brasileiros colaboraram com essa iniciativa. Recursos estrangeiros também seriam muito bem-vindos¨, ironizou o representante do Ministério do Meio Ambiente.

Bloco

O assunto é extremamente delicado. Como reação ao movimento pela internacionalização da Amazônia, que já conta com apoio ostensivo das Nações Unidas, o Itamaraty tentou apressar a formação do pretendido Bloco da Amazônia, que reuniria os países da região em termos políticos, comerciais e logísticos, através de um amplo acordo que incluiria um pacto militar entre essas nações, para defesa de sua
soberania sobre a região amazônica.

A formação do Bloco da Amazônia, que está também relacionada à criação de um banco de desenvolvimento sul-americano, o Banco do Sul, vem sendo conduzida pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, e por Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas a iniciativa tem sido retardada em função de sucessivos problemas diplomáticos criados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez com outros países da região amazônica, especialmente a Colômbia. Mas é intenção do governo brasileiro fechar o Bloco da Amazônia no menor prazo possivel.

  

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