Exclusão do Fla da Libertadores é considerada improvável 19/12/2017
- Bruno Cassucci e Raphael Zarko - GloboEsporte.com
Nesta terça-feira, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, chega a Luque, no Paraguai, para se juntar a outros 13 representantes de clubes brasileiros que vão presenciar o sorteio da Copa Libertadores e da Sul-Americana de 2018.
O Rubro-Negro prepara a defesa inicial para apresentar ao Tribunal de Disciplina da Conmebol.
O julgamento preocupa o departamento jurídico do clube. Multa e possível restrição de mando de campo - de portões fechados a transferência de sede de partida - são penas possíveis contra o Flamengo, pela série de incidentes da final da Sul-Americana, na última quarta-feira.
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A exclusão da competição, no caso a Libertadores de 2018, que é prevista entre as sanções do regulamento da entidade máxima do futebol sul-americano, é considerada improvável.
O GloboEsporte.com foi até a sede da Conmebol, ouviu funcionários e dirigentes e buscou respostas para as principais perguntas do processo disciplinar que o Flamengo - e também o Independiente, da Argentina - vai passar nos próximos dias, no tribunal da Conmebol.
Entre os relatos, um artefato que explodiu próximo ao presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, acompanhado da diretora jurídica.
Pelo que o Flamengo será julgado?
Serão duas denúncias contra o Rubro-Negro. A primeira delas será pelos incidentes no hotel em que estava o Independiente, na véspera da final, no Rio. O clube argentino protocolou reclamação junto à Conmebol, relatando atos de vandalismo de torcedores do Flamengo.
A outra se refere aos incidentes antes, durante e depois da decisão no Maracanã. O material jornalístico e até produzido de redes sociais serve como provas e entram no processo.
Além de vídeos e fotos da confusão dentro e fora do estádio, a Conmebol conta até mesmo com o relato de seu presidente, Alejandro Domínguez, que por pouco não foi atingido por um artefato caseiro.
Um explosivo foi detonado próximo ao dirigente e à diretora jurídica da entidade, quando eles se dirigiam ao campo para entregar a taça ao clube argentino.
O Independiente também será julgado?
Sim. O clube de Avellaneda vai a julgamento também por dois motivos: primeiro pelo episódio de racismo de alguns torcedores do clube no jogo de ida da final da Copa Sul-Americana.
Na ocasião, fãs do "Rojo" foram flagrados fazendo gestos imitando macacos em direção a rubro-negros.
A outra denúncia é em relação ao tratamento dado aos visitantes no estádio do Independiente, o Libertadores de América.
Atletas do Flamengo tiveram de passar próximo a torcedores rivais para irem ao vestiário, já que um corredor que dava acesso ao local estava bloqueado.
Também há denúncias de maus-tratos e arremessos de objetos a torcedores do Flamengo.
Quais próximos passos até o julgamento?
Não há prazo determinado para o caso ser apreciado e julgado.
Os clubes já foram comunicados da abertura do processo e, nesta terça-feira, devem ser informados em quais artigos do Regulamento Disciplinar da Conmebol foram enquadrados.
A partir de então, o Tribunal Disciplinar passa a analisar os autos - a defesa inicial do Flamengo será entregue até quinta-feira - e as respectivas defesas.
Como o caso é grave, o Flamengo deve pedir para fazer uma apresentação presencial na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai, o que pode adiar o julgamento.
Um dos casos mais polêmicos analisados pela entidade sul-americana neste ano, o da briga entre jogadores de Palmeiras e Peñarol, no Uruguai, demorou três semanas para ter um veredicto.
Que artigos os clubes podem ser enquadrados?
Pelos gestos racistas de alguns torcedores, o Independiente será julgado pelo artigo 12 do Regulamento Disciplinar da Conmebol que fala em “discriminação e comportamentos similares”.
A previsão de multa é a partir de US$ 3 mil.
A depender do julgamento, há previsão de sanções mais danosas ao clube denunciado.
Vai de uma ou mais partidas de portas fechadas, proibição de jogar em determinado estádio e até a conversão da vitória e desclassificação da competição.
O caso do Flamengo deve ser enquadrado no artigo 11, de “outras infrações”.
O texto fala em “supostos comportamentos incorretos ou inapropriados de seus torcedores” e cita invasão ou tentativa de invasão do campo de jogo; lançamento de objetos; sinalizadores, fogos artificiais e outros objetos pirotécnicos; causas danos; qualquer casos de falta de ordem ou disciplina que se possa cometer num estádio ou “nas cercanias” antes, durante e após o jogo.
Quem são os julgadores?
Há cinco indicados no Tribunal de Disciplina da Conmebol. São eles: Ricardo Gil Lavedra, da Argentina, Eduardo Gross Brown, do Paraguai, Caio Rocha, do Brasil, Amarilis Belisario, da Venezuela e Juan Aldunate, do Chile.
Como o caso envolve clubes brasileiros e argentinos, Ricardo Lavedra e Caio Rocha ficam impedidos no julgamento.
É provável que o paraguaio Eduardo Gross Brown seja o relator e julgador das denúncias.
Há risco de exclusão da Libertadores? Quais possíveis sanções?
A exclusão é possível e está prevista no Regulamento Disciplinar da Conmebol entre as medidas a serem aplicadas. Mas é vista como muito radical e improvável por dirigentes da Conmebol.
Uma das fontes ouvidas prevê uma punição a mais além de possível multa aplicada.
No caso específico do Flamengo, pode ser o impedimento de uso do Maracanã ou mesmo a realização de partidas do Flamengo com portões fechados na Libertadores.
O fato de, apesar de toda a confusão, a partida ter ocorrido sem problemas – e, inclusive, com a comemoração do título pelo Independiente no gramado - é atenuante da pena do Rubro-Negro.
O artigo 22 do regulamento prevê as seguintes sanções: advertência; multa de US$ 100 a US$ 400 mil; anulação da partida; repetição da partida; perda de pontos; portões fechados; proibição de jogar partida em estádio determinado; obrigação de jogar fora do país; desclassificação de competições em curso e/ou exclusão de futuras competições; retirada de títulos e prêmios e até retirada de licença.
Quais foram as punições recentes na Conmebol?
O site da Conmebol aponta 24 casos de clubes julgados pelo Tribunal de Disciplina da Conmebol, na Libertadores e Sul-Americana.
A maior punição pecuniária foi de US$ 150 mil ao Peñarol e um jogo de portões fechados.
Abaixo, todos os clubes punidos e cada pena imposta:
1 – Nacional (URU), multa de US$ 10 mil – por incidentes contra o Botafogo.
2 – Jorge Wilsterman (BOL), multa de US$ 10 mil – por incidentes contra o River Plate.
3 – River Plate (ARG), multa de US$ 20 mil – por incidentes contra o Jorge Wilsterman.
4 – San Lorenzo (ARG), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Lanús.
5 – Grêmio (BRA), multa de US$ 3 mil – por incidentes contra o Botafogo.