Commodities agrícolas devem iniciar ano sob pressão 28/12/2017
- ESTADÃO CONTEÚDO
As commodities agrícolas negociadas nas Bolsas de Nova York (ICE Futures US) e Chicago (CBOT) iniciarão o ano em níveis mais baixos que os de 2017.
A pressão vem de fatores relacionados à política monetária dos Estados Unidos e também aos fundamentos que, no caso dos grãos, é baixista.
Investidores estão atentos ao aumento gradual dos juros básicos norte-americanos. Em dezembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) aumentou as taxas em um quarto de ponto porcentual, para 1,25% a 1,5%, no terceiro ajuste positivo apenas em 2017.
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Para 2018, a instituição financeira prevê mais três aumentos, o que tende a fortalecer o dólar.
A moeda mais atrativa rouba espaço das commodities no mercado global e, no caso dos EUA, reduz a competitividade de seus produtos.
Para o Brasil, porém, o fortalecimento da moeda americana gera oportunidades e as eleições presidenciais em 2018 podem contribuir para isso.
“O aumento de juros no mercado norte-americano é, sem dúvida, o principal fator baixista na ICE”, diz o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, lembrando que participantes tendem a abandonar ativos de maior risco para depositarem suas apostas na moeda, o que pressiona as commodities.
O desempenho do petróleo também influencia.
Hoje há pressão sobre os preços do combustível fóssil pela elevação dos estoques de gasolina nos Estados Unidos, que, contudo, é contrabalançada pela extensão no acordo de corte da produção global do óleo até o fim de 2018.
O ativo mais sensível a estas oscilações é o açúcar, que divide a competitividade com o etanol.
Este pode ter seus preços diretamente atrelados ao petróleo no próximo ano.
“A combinação entre petróleo e câmbio dará o tom para as cotaçõe
Ainda em Nova York, os mercados de café e de algodão serão mais influenciados pelas relações entre estoque, oferta e demanda.
No caso do café, o diretor da Comexim nos EUA, Rodrigo Costa, espera preços firmes no primeiro trimestre, mas à medida que a nova safra brasileira, que deve ser maior que a de 2017, comece a ser ofertada, a partir do segundo semestre, a tendência é de cotações mais fracas.
Costa considera que não há espaço para perdas em produção de café no mundo.
Segundo ele, as cotações já descontaram o otimismo das ofertas, principalmente do Brasil.
O consumidor, por sua vez, percebe a necessidade de garantir uma cobertura de compras no mercado físico.
“O consumo mundial tem necessidade anual de cerca de 3 milhões de sacas de 60 kg a mais de café”, diz.
Os fundos de investimento, com posição vendida recorde, podem ser forçados a recomprar parte desse volume, favorecendo os preços.
“As apostas em novas mínimas no mercado de café devem ser pelo enfraquecimento das moedas dos países produtores”, afirma.