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Inflação histórica de 2017 abre porta para corte de juros
10/01/2018 - ESTADÃO CONTEÚDO

A inflação brasileira alcançou em 2017 o menor nível em 20 anos.

Economistas ouvidos pelo Estadão comemoraram o número e descartam abalo na credibilidade do Banco Central pelo fato de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter ficado abaixo do piso da meta da inflação, fato que obriga a instituição a escrever uma carta ao ministério da Fazenda explicando o descumprimento da meta.

Os dados divulgados nesta quarta-feira, também serviram para consolidar entre os analistas a visão de que a Selic, a taxa de juros básica da economia, devem ser cortados em mais 0,25 ponto porcentual na reunião do dia 6 de fevereiro de política monetária.


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Para alguns economistas, a aceleração do IPCA para 0,44% em dezembro (de 0,28% em novembro) - que ficou fora do intervalo das estimativas (de 0,28% a 0,38%, com mediana de 0,30%) - pode impossibilitar a taxa Selic de cair para 6,5% este ano.

A visão é que o número sinaliza que o ciclo de corte de juros no Brasil está bem perto do fim.

O economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destaca que a inflação de dezembro reduz a chance de um corte de 0,50 ponto básico na Selic em fevereiro e também diminui a possibilidade de corte adicional em março.

"Foi um resultado extraordinário, abaixo de 3%, até curiosa a situação de que Banco Central vai ter de escrever uma carta para explicar porque ficou tão melhor", disse o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Ele argumenta que o descumprimento da meta não compromete a credibilidade do BC, e é até bastante positivo.

"É assimétrico, quando é para cima é ruim, quando é para baixo é bastante positivo. Não altera nada. Esse número mais suave é que está na base da comunicação do Banco Central, sugerindo mais uma ou duas rodadas de redução da Selic", avalia.

A MB Associados é mais otimista e aposta que a taxa de juros básica irá cair para 6,50%.

Apesar de ter ficado abaixo do piso da meta em 2017, a avaliação dos analistas é que este fenômeno não deve se repetir em 2018.

"A tendência é de que Alimentação se mantenha em território positivo e leve a inflação de volta para o plano de tolerância do Banco Central", afirma o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Em dezembro, o grupo "Alimentos e Bebidas" interrompeu uma sequência de sete meses de queda, subindo 0,54%. Mas a despeito do avanço do IPCA acima do esperado no último mês de 2017, o cenário para a inflação no Brasil continua favorável, ressalta ele.

"O dado (de dezembro) foi muito ruim em relação ao ano de 2017, mas, em termos históricos, a inflação ainda está baixa, o que ainda permite que o BC dê estímulos monetários", avalia o economista da Quantitas Asset, João Fernandes.

Contudo, ele afirma que esse dado pior reduz a probabilidade de que a Selic caia a 6,50% em março.

"Esse dado reforça nosso cenário de que o ciclo de queda dos juros termina em fevereiro, com a Selic em 6,75%, taxa em que deve continuar até o final de 2018."

Para 2018, o UBS Brasil projeta que o IPCA deve ficar em 4%, seguindo abaixo do centro da meta do BC, de 4,5%. Para os economistas do banco, Tony Volpon e Fábio Ramos, a aceleração da inflação este ano deve se dar de forma "moderada", influenciada pela recuperação da atividade econômica e normalização nos preços dos alimentos.

Eles projetam que o BC deve fazer apenas mais um corte na Selic, em fevereiro, com o juro terminando o atual ciclo de reduções em 6,75%.

A consultoria internacional Capital Economics também prevê que o corte de juro na reunião de fevereiro deve ser o último.

"A inflação está claramente navegando para cima, o que quer dizer que este provavelmente será o último movimento no atual ciclo de relaxamento monetário", escreve o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, em relatório nesta quarta-feira.

Ele prevê que os preços dos alimentos vão seguir em recuperação este ano, contribuindo para a aceleração da inflação.


  

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