Rebanho bovino é menor que o estimado 09/01/2008
- Nilza Souza - O Estado de S.Paulo
Em 2006, estimativa do IBGE era de 205 milhões de cabeças, mas censo do próprio instituto deve fechar com 185 milhões
Os resultados preliminares do Censo Agropecuário 2006, divulgados no fim de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o rebanho brasileiro de bovinos é menor do que estimativas feitas pelo próprio instituto.
Até agora, o IBGE contou um rebanho bovino de 169 milhões de cabeças. Ainda falta contabilizar parte das propriedades, mas, conforme o gerente do Censo, Antônio Carlos Florido, esse número não deve ultrapassar 185 milhões. Mesmo assim, são 20 milhões de cabeças a menos do que a estimativa do IBGE de 2006, de 205,8 milhões de bovinos. O relatório final deve ser divulgado até o fim do semestre.
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DÚVIDA
A disparidade dos números pode pôr em dúvida as estimativas anuais feitas pelo instituto, segundo analistas. ¨É muita diferença. Vinte milhões de cabeças é quase o rebanho de todo o Estado de Mato Grosso do Sul¨, diz o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. ¨Não é possível reduzir essa quantidade de animais em um ano, mesmo com abate de matrizes. Um dos dois números está errado¨, questiona.
O gerente do Censo Agropecuário explica que as metodologias usadas nas estimativas e no censo são diferentes. ¨As estimativas anuais são feitas de forma subjetiva, com base em informações como vacinação contra aftosa. Às vezes, essas informações não têm qualidade¨, diz. ¨Já o censo é feito de forma objetiva; é um alicerce.¨
Segundo Florido, há uma proposta para a substituição de pesquisas feitas com métodos subjetivos por pesquisas objetivas, como as feitas por amostragem, que é o caso da pesquisa do Censo. Outro problema, diz o gerente, é o intervalo entre os dois censos. ¨O ideal era que o censo fosse realizado a cada cinco anos.¨
FRONTEIRAS AGRÍCOLAS
O resultado preliminar do censo mostra também que a área de lavouras aumentou 83,5% no País, em comparação com o censo de 1995, enquanto a área de pastagem caiu cerca de 3%. Segundo relatório do IBGE, os números confirmam um modelo de desenvolvimento do setor com expansão de fronteiras agrícolas.
O censo aponta, ainda, substituição das áreas de pastagem por lavouras entre 1996-2006, ¨em razão da progressiva inserção do País no mercado mundial de produção de grãos (especialmente a soja) e da intensificação da pecuária¨.
Para o analista Tito Rosa, a redução da área de pastagem já era esperada. ¨A pecuária perdeu área para a agricultura nos últimos anos, principalmente no Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Por outro lado, houve intensificação das criações¨, diz.
¨O pecuarista capitalizou-se. Alguns intensificaram a área de pecuária e investiram na integração lavoura-pecuária. Aqueles que preferiram ficar só com a pecuária, migraram para as regiões de fronteiras, no Norte do País.¨
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Mário Candia, confirma a tendência da integração. Segundo ele, que também é pecuarista, a terra vem sendo extremamente utilizada.
¨Estamos fazendo três safras. Primeiro soja, depois a safrinha de milho e em seguida plantamos braquiária para a pastagem. Então o gado fica confinado no período de safra e no pasto na entressafra.¨