Trajetória da imigração japonesa no Brasil 15/01/2008
- Folha de S.Paulo
Neste ano de 2008 é comemorado o centenário da imigração japonesa no Brasil. Conheça alguns episódios da trajetória dos japoneses no país:
O tratado e a viagem
Em 1907, o governo brasileiro publica a Lei de Imigração e Colonização, permitindo a migração entre os dois países. Em novembro daquele ano, o empresário Ryu Mizuno fecha acordo com o secretário de Agricultura de São Paulo, Carlos Arruda Botelho, para a introdução de 3.000 imigrantes japoneses.
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Em 28 de abril de 1908, o navio Kasato Maru parte do porto de Kobe, no Japão, rumo ao Brasil. O navio chega ao porto de Santos (litoral de São Paulo) com 791 imigrantes a bordo, 52 dias depois. Foram percorridas 21 mil milhas. A viagem marca o início da imigração japonesa.
A adaptação
Recém-chegados, os imigrantes foram distribuídos em seis fazendas paulistas para trabalhar principalmente nas lavouras de café. A até então próspera cafeicultura passava por um momento de grave crise, provocada pela concorrência internacional.
Más condições de moradia e alimentação e dificuldade no entendimento com os fazendeiros em função da língua e da diferença de costumes são alguns dos motivos para o êxodo dos japoneses do campo para os centros urbanos
O êxodo
Após seis meses, dos 773 imigrantes enviados às fazendas, 430 já haviam deixado esses locais. Muitos foram trabalhar no cultivo de verduras e batatas em outras cidades, na capital e no interior paulista. Outros tentaram a sorte nas estradas de ferro da Noroeste, formando comunidades no Paraná e Mato Grosso, ou trocaram o Brasil pela Argentina.
A cidade
Após deixar as fazendas de café, uma parte dos imigrantes japoneses optou pela capital. Em 1912, os imigrantes japoneses passaram a residir na rua Conde de Sarzedas. O principal motivo era o preço baixo do aluguel e a localização central, o que permitia fácil locomoção aos locais de trabalho.
Na mesma época, começaram a surgir atividades comerciais, escolas e estabelecimentos voltados à comunidade nipo-brasileira, que formariam o que hoje conhecemos como o bairro da Liberdade.
Segunda Guerra
Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os imigrantes sofrem uma série de restrições. O governo de Getúlio Vargas rompe relações diplomáticas com o Japão, fecha o consulado do país e ordena a suspensão da publicação dos jornais em língua japonesa.
Escolas são fechadas e a comunidade não pode ouvir a transmissão de rádio e nem mesmo falar seu idioma. Em 6 de setembro de 1942, o governo decreta a expulsão dos japoneses das ruas Conde de Sarzedas e Estudantes.
Somente em 1945, com a rendição do Japão, é que a situação se normaliza na comunidade.
Novos imigrantes
Com a derrota na Segunda Guerra, o Japão perdeu o domínio sobre Taiwan, Coréia e Manchúria. Mais de 6 milhões de japoneses tiveram que retornar ao arquipélago, agravando o cenário de miséria e destruição. A política migratória foi retomada em abril de 1952. O Brasil volta a receber nipônicos para atender às indústrias paulistas que necessitavam de mão-de-obra. Após a guerra, mais de 53,5 mil japoneses chegaram ao Brasil.
Dekasseguis
O termo dekassegui designa qualquer pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar, temporariamente, em outra região. A crise brasileira e o crescimento da economia japonesa em meados dos anos 80 fazem com que muitos brasileiros nikkeis tentem a sorte no Japão. São os dekasseguis. Calcula-se que, em 1999, esses trabalhadores enviaram cerca de US$ 1,5 milhão ao Brasil.