Simples ameaça de tarifas chinesas já pode afetar a soja, dizem analistas 05/04/2018
- Dow Jones Newswires
As tarifas sobre a soja dos Estados Unidos propostas pela China podem ter um impacto sobre a comercialização da oleaginosa mesmo que não sejam implementadas.
A simples ameaça deve levar indústrias processadoras chinesas a cancelar compras de soja norte-americana que ainda não foram embarcadas e redirecionar a demanda para o Brasil, disseram analistas.
As exportações dos EUA já estão abaixo da expectativa na atual temporada.
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Segundo o trader Ken Morrison, uma queda acentuada dos preços da soja norte-americana poderia atrair compradores de outros países, o que amorteceria um pouco o impacto para exportadores dos EUA.
Mas “não compensaria a queda da demanda chinesa”, observou.
Para Morrison, a ameaça de tarifas contra a soja é uma tática astuta da China e pode levar os EUA rapidamente para a mesa de negociação.
O país asiático é o maior comprador mundial do grão e no ano passado absorveu mais da metade das exportações dos EUA.
Mesmo se a tática não funcionar, a China pode recorrer ao Brasil e se manter sem a soja dos EUA até o fim do ano, disse o trader.
O Brasil deve colher outra safra robusta este ano.
A consultoria Informa Economics elevou sua estimativa para a produção brasileira em 1 milhão de toneladas, para 116 milhões.
“Sempre enxerguei as tarifas contra a soja como a ‘opção nuclear'”, afirmou Morrison.
“Agora eles colocaram a ‘opção nuclear’ sobre a mesa.”
Analistas do Commerzbank disseram que a China não pode ficar sem a soja dos EUA, mas lembraram que nos próximos meses as compras chinesas de soja do Brasil devem aumentar, seguindo os padrões sazonais.
Além disso, a participação da soja brasileira nas importações chinesas vem crescendo nos últimos anos.
Isso permite à China fazer a ameaça sem temer alguma consequência imediata significativa, afirmaram os analistas.
AÇÕES DO SETOR DE CARNE SOBEM
As ações de algumas da maiores processadoras de carne dos Estados Unidos fecharam em alta ontem após a China ameaçar impor tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos, como soja e milho.
Segundo analistas, caso o país asiático redirecione suas compras de soja para a América do Sul, isso vai resultar em estoques mais amplos da oleaginosa nos EUA e pode se traduzir em preços mais baixos de ração animal para as empresas de carne.
A ração animal representa o maior custo na criação de aves e outros animais de produção.
A ação da Tyson Foods fechou em alta de 2,30%, enquanto Hormel Foods e Pilgrim’s Pride subiram 4,82% e 2,32%, respectivamente.