O aqueduto do Mangabeira 17/01/2008
- Blog de José Márcio Mendonça - Estadão Online
Cessa tudo quanto a antiga musa canta, uma idéia mais alta se alevanta...
Vamos esquecer o Lobão, os cortes no Orçameto, a crise econômica nos Estados Unidos, as boas notícias da economia brasileira, a febre amarela e até o retorno dos campeonatos estaduais...
O ministro Roberto Mangabeira Unger, das Ações de Longo Prazo, o conhecido Sealopra, está na Amazônia, com uma delegação de 38 pessoas, para apresentar suas primeiras idéias para o Brasil do futuro, até 2022, o universo traçado pelo governo Lula no seu primeiro mandato por coincidir com as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil.
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Nesse início de 2008, que marca as comemorações, também de 200 anos, da chegada de D. João VI e da corte portuguesa ao Brasil, primeira oportunidade real que o país teve para dar um salto de qualidade, Mangabeira Unger inicia sua missão de propiciar um outro salto desses aos brasileiros:
¨O Brasil precisa deixar de ter medo das idéias¨ - decretou o doutor de Harvard antes de deixar Brasília e embrenhar-se nas áreas urbanas da selva.
Mangabeira levou em sua bagagem nesse amazonense, região alvo de suas primeiras luzes, entre outras propostas:
1. A criação de aquedutos para levar água da Amazônia para as regiões secas do Nordeste.
2. A formação de índios bilíngues na regiâo Norte.
3. Exploração mineral e florestal manejada na mata.
4. Usar as áreas já desmatadas para projetos de agricultura e pecuária em pequena escala, sem tentar reverter o desmatamento.
5. Aumentar ou criar um novo imposto sobre mineração a ser cobrado quando o material encontrado não for transformado na região.
Incompreendido, Mangabeira Unger não conseguiu, como registra o jornal ¨O Globo¨,embora a tenha convidado, a companhia da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. As propostas farão o horror de qualquer ambientalista, de qualquer escola ou tendência.
O mais vistoso projeto é o do(s) aqueduto(s). Certamente ofuscará a transposição das águas do São Francisco de Geddel Vieira Lima, projeto mais ambicioso do presidente Lula em seu segundo mandato.
Os aquedutos, registram as enciclopédias, nasceram no Império Romano. O primeiro deles de maior porte, com cerca de 15 quilômetros de extensão, foi o Aqueduto Ápia, próximo da famosa via romana do mesmo nome, e servia para abastecer Roma. Foi construído por Ápio Cláudio, o Cego, personagem influente no império latino no século IV.
Pelas distâncias que terão de percorrer para levar água da Bacia Amazônica para o Nordeste, os aquedutos projetados pelo menistro Mangabeira Unger terão extensões dezenas de vezes superiores à da celebrada obra de Ápio,o Cego. Serão verdadeiramente amazônicos. Ou transamazônicos.