Nova epidemia pode matar 30 milhões em seis meses 01/05/2018
- Veja.com
O empresário Bill Gates, fundador da Microsoft, alertou para o fato de o mundo estar despreparado para combater doenças com potencial de se espalhar rapidamente e causar mortes em massa, informou o portal Science Alert.
Durante um debate sobre epidemias promovido pela Massachusetts Medical Society e pelo New England Journal of Medicine, na última sexta-feira (28), Gates argumentou que uma epidemia similar à da “gripe espanhola“, que dizimou 50 milhões de pessoas em 1918, atualmente mataria 30 milhões em seis meses.
Essa simulação foi feita pelo Institute for Disease Modelling, segundo Gates.
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“Se há algo que aprendemos com a história, é que uma nova doença mortal vai aparecer e se espalhar ao redor do mundo”, insistiu.
“Isso pode acontecer em uma década.”
Durante as discussões, Gates afirmou que sempre foi o otimista nas mesas de reunião, o que tornou suas declarações ainda mais alarmantes. Ele lembrou que, nos últimos anos, o mundo foi capaz de tirar milhões de crianças da pobreza e de reduzir a incidência de velhas enfermidades fatais, como a poliomielite e a malária.
“Mas há uma área na qual o mundo não fez muito progresso: a preparação para enfrentar uma pandemia”, ressaltou.
Gates advertiu para o fato de ser cada vez mais fácil a fabricação do vírus do sarampo em laboratórios de pequenos agentes não governamentais.
Para ele, o mundo será surpreendido por doenças que já surgiram como surto — é o caso de duas graves síndromes respiratórias, a Sars e a Mers, causadas por vírus.
“Se você fosse dizer aos governos que armas capazes de matar 30 milhões de pessoas estão em construção neste momento, haveria uma noção de urgência sobre a preparação contra essa ameaça”, disse Gates.
“No caso de ameaças biológicas, essa noção não existe. O mundo precisa estar preparado para pandemias da mesma forma como está preparado para a guerra”, completou.
Gates aproveitou a ocasião para anunciar que a Fundação Bill and Melinda Gates oferecerá subsídio de 12 milhões de dólares ao estímulo das pesquisas sobre uma vacina universal contra a gripe.
Reconheceu haver atualmente diagnósticos mais rápidos de doenças, antibióticos capazes de tratar a pneumonia associada à gripe e medicamentos antivirais que elevam as taxas de sobrevivência.
Recentemente, segundo Gates, o jornal Science publicou uma pesquisa sobre o uso da tecnologia genética Crispr para a detecção rápida de doenças, como se faz com os testes de gravidez.
Mas, insistiu ele, não há ainda boas formas de identificar e coordenar o tratamento para epidemias como o último surto de Ebola na África, entre 2013 e 2016.