A empresas JBS, Marfrig e Independência, três entre as maiores produtoras de carne bovina do Brasil, disseram que por conta da suspensão da importação do produto pela União Européia anunciada hoje, o foco no mercado interno irá aumentar.
A UE informou nesta quarta-feira que suspendeu indefinidamente a importação da carne. A decisão foi tomada após autoridades européias e brasileiras não conseguirem chegar a um acordo sobre o número de fazendas que poderiam receber certificação para vender o produto ao bloco --a lista deveria ter sido definida até 31 de janeiro, ou seja, amanhã.
Em nota, a JBS destaca que já esperava o problema. Em 2008, a previsão da empresa é que as exportações para o bloco fiquem em apenas 25% do volume total exportado em 2007 de carne ¨in natura¨.
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A JBS, porém, acredita que outros países absorverão parte do volume que seria destinado para a Europa, e que o excedente será destinado ao mercado interno. ¨Nesses locais haverá excesso de oferta, fato que tende a diminuir margens da indústria como um todo¨, diz a JBS.
Por outro lado, a JBS aposta que os preços na Europa devem subir consideravelmente, ¨beneficiando a produção da JBS na Argentina, Austrália e EUA¨, países liberados para vender para o bloco. Além disso, também crescerá o volume exportado de carne industrializada, já que ele não sofre qualquer tipo de restrição.
Marfrig
A Marfrig, por sua vez, anunciou que as suas nove unidades de abate de bovinos no Brasil terão sua produção de carne ¨in natura¨ direcionada à exportação para outros destinos que não a União Européia. ¨A empresa também focará no fortalecimento do mercado doméstico e não diminuirá o ritmo de sua produção¨, afirmou em nota.
Assim como a JBS, a Marfig ressaltou que ¨como não há restrições para exportação de carne cozida, prosseguirá com projeção de maior demanda deste produto para as quatro unidades de industrializados no Brasil¨, e que as nove unidades na Argentina e no Uruguai trabalharão em plena capacidade.
Independência
O Independência informou que das oito plantas de abate da empresa, duas deverão ser impactadas --Janaúba (MG) e Senador Canedo (GO)--, que terão sua produção destinada a outros mercados enquanto perdurar o embargo. As receitas com exportações de carne ¨in natura¨ da empresa para a UE representam aproximadamente 15% do faturamento.
¨Assim, entre as ações que estão sendo tomadas está a destinação das exportações para mercados alternativos como Rússia, Egito e Oriente Médio e o incremento das vendas no mercado interno, que apresenta importante crescimento do consumo per capita¨, afirmou em nota.
Segundo o comunicado, o Independência mantém ¨o plano de expansão da operação de couro que não sofre nenhuma restrição sanitária e já apresenta 25% do faturamento da companhia¨.