Maggi rejeita antecipação de apoio a Bolsonaro por ruralistas 02/10/2018
- André Borges - O Estado de S.Paulo
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, não referendou a posição declarada ontem pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que declara voto em Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições 2018.
O Estado apurou, junto a pessoas próximas de Blairo, que o ministro julgou “prematura” a decisão de se posicionar sobre a candidatura.
Blairo, que é um dos maiores empresários do agronegócio do País, tem ainda uma relação de forte amizade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba, condenado na Lava-Jato.
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Segundo fontes ouvidas pelo Estado, Blairo reconhece a possibilidade de se aproximar de Bolsonaro, mas não tem nada decidido sobre isso e vai se manter neutro, pelo menos neste primeiro turno.
Pesa ainda sobre sua decisão o fato de que Blairo é ministro do governo Michel Temer, cujo candidato oficial é o emedebista Henrique Meirelles.
Blairo Maggi não comenta o assunto. À frente do Grupo Amaggi, uma das maiores empresas do setor, Blairo resolveu também não fazer doações para políticos neste ano.
Ao Estado, em declaração feita no mês passado, afirmou que se tratava de uma “decisão familiar”.
“Ninguém da minha família ligada ao grupo Amaggi fará doação eleitoral este ano”, afirmou o ministro, na ocasião.
“Quando faço doação, tem de explicar. Quando não faço, tem de explicar também. Isso mostra a situação complicada da política hoje no Brasil.”
Uma das maiores bancadas do Congresso Nacional, a FPA, que reúne atualmente 210 deputados e 26 senadores em exercício, divulgou uma nota oficial e um vídeo de apoio a Bolsonaro.
Na semana passada, a presidente da FPA, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), ligou para cada um dos membros da bancada para definir a movimentação.
Nesta semana, ela esteve reunida com o deputado Jair Bolsonaro e entregou a ele uma carta de compromissos.
O ex-presidente da FPA e deputado tucano Nilson Leitão (PSDB-MT), candidato ao Senado, disse que a FPA representa o produtor e o setor produtivo, que têm um sentimento anti-PT, e que a frente está traduzindo isso.
Primo de Blairo e conhecido como o “rei da soja”, o empresário Eraí Maggi já declarou seu voto em Bolsonaro.
Na semana passada, Eraí chegou a ir ao hospital Albert Einstein, em São Paulo, para visitar Bolsonaro.
Ex-secretário de Agricultura do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo e integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) também considerou "precipitado" o apoio dos ruralistas a Jair Bolsonaro (PSL).
"Achei isso absolutamente precipitado e indevido. Sou membro da FPA e fiquei surpreso com essa manifestação, que achei extemporânea"