BNDES vai vender a JBS 02/12/2018
- O ESTADO DE S.PAULO
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está se preparando para vender sua participação de 21,3% na JBS, segundo apurou o Estado.
O banco enviará nas próximas semanas carta-convite às instituições financeiras para que elas possam participar do processo.
A fatia do BNDES na JBS é avaliada no mercado em R$ 6,8 bilhões, considerando o fechamento da cotação da ação na sexta-feira, a R$ 11,77.
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O desenho de como será a venda da sua participação ainda não está definido: poderá ser feita em bloco para um único investidor ou negociada aos poucos na Bolsa.
No auge da crise da JBS, o banco recebeu proposta de diversos investidores para a venda de sua fatia na empresa, mas as conversas não foram para frente.
Esses mesmos investidores tentaram comprar a participação dos irmãos Batista, segundo fontes.
Entre os interessados estavam os fundos soberanos GIC e Temasek, de Cingapura; e o QIA, fundo de investimento do Catar.
Executivos de três grandes bancos afirmaram ao Estado, sob condição de anonimato, que a compra das ações da JBS detidas pelo BNDES não deve embutir um prêmio (valor adicional pago ao preço do negócio).
O acordo de acionistas entre as duas companhias será revisado no fim de 2019.
O BNDES sempre acompanhou o voto dos conselheiros e acionistas da JBS.
Essa relação começou a mudar no início de 2016, quando os controladores da companhia anunciaram a intenção de criar uma nova empresa e mudar a sede da JBS para a Irlanda.
No ano seguinte, quando as delações vieram à tona, após o vazamento da conversa de Michel Temer feita por Joesley Batista, o BNDES passou a ser um crítico à gestão da JBS.
CAMPEÃ NACIONAL
O banco começou a comprar ações da companhia a partir de 2007. A JBS, ao lado de outros frigoríficos, como Bertin e Marfrig, foi escolhida na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser uma "campeã nacional" e se internacionalizar.
Entre 2007 e 2009, o BNDESPar injetou R$ 5,6 bilhões na JBS. Em 2008, o banco colocou R$ 2,5 bilhões na Bertin, que foi incorporada à JBS.
O BNDES informou, em nota, que o BNDESPar aprovou uma mudança recente para executar as alienações de ações da carteira.
Entre elas, o cadastramento prévio de instituições financeiras para atuar como mandatários da BNDESPar no processo de venda.
"O processo de cadastramento prévio foi iniciado e não tem vínculo com a venda de ativo específico", disse o banco.
Temasek não comenta rumores de mercado. GIC e QIA não retornaram.