Governo envia lista das 300 fazendas na segunda 20/02/2008
- Fabíola Salvador - Agência Estado
A partir da lista, os veterinários europeus escolherão, no máximo, 30 fazendas que começarão a ser vistoriadas
Apesar do tom sigiloso que envolve a nova lista de fazendas aptas a exportar para a União Européia (UE), aparentemente o governo bateu o martelo e decidiu apresentar na segunda-feira, dia 25, aos europeus o nome de 300 propriedades localizadas nos Estados de Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte de Mato Grosso. A partir da lista, os veterinários europeus escolherão, no máximo, 30 fazendas que começarão a ser vistoriadas já na próxima semana.
Da lista não constam fazendas localizadas no Espírito Santo e Minas Gerais, Estados que também fazem parte da área habilitada para fornecimento de animais para frigoríficos que vendem para o bloco. O Ministério da Agricultura não confirma a lista de 300 fazendas e nem que os dois Estados estarão de fora do bloco. Fontes comentaram, no entanto, que a pressão dos Estados pode resultar em modificações até a data da reunião com os europeus.
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Entenda o caso
A apresentação de uma lista de 300 propriedades atende ao pedido das autoridades européias. Uma primeira lista de 2.681 fazendas foi apresentada em janeiro em Bruxelas, mas os países do bloco não aceitaram a relação. A apresentação de uma lista muito maior do que o esperado levou a UE a suspender as importações de carne do Brasil a partir do dia 1º de fevereiro. Uma segunda lista, apresentada na semana passada em Bruxelas, trazia cerca de 520 propriedades.
A visita dos veterinários europeus foi tema de reunião realizada nesta quarta-feira, em Brasília, entre governo e representantes da iniciativa privada. Após reunião do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), representantes do governo não deram declarações à imprensa.
Apesar das declarações de que a reunião foi positiva, representantes da iniciativa privada defenderam que o governo defina ¨claramente¨ os papéis de cada elo da cadeia produtiva da carne. Representantes da iniciativa privada disseram que aceita dividir responsabilidades, desde que o governo exerça seu papel fiscalizador.
¨A cadeia produtiva da carne precisa fazer a sua parte¨, diz ministro
Depois de pedir aos frigoríficos que liderassem o processo de rastreabilidade do rebanho bovino, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que todos os elos da cadeia produtiva da carne também têm responsabilidade no processo de certificação exigido pela União Européia (UE) para compra do produto brasileiro.
Ele não isentou o governo federal da responsabilidade de fiscalizar, mas disse que pecuaristas, exportadores e empresas certificadoras são responsáveis pelo bom funcionamento do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). ¨O ministério não produz nem exporta¨, afirmou. ¨A cadeia produtiva também precisa fazer sua parte.¨ Stephanes disse que as críticas da UE ao sistema brasileiro de rastreabilidade são conhecidas e o governo tomou medidas para corrigir as deficiências.
Entre elas, citou o agrupamento das medidas de controle sanitário e de certificação numa única secretaria. Outra mudança, segundo ele, foi a exigência da Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica para o gado vendido para frigoríficos que exportam ao mercado europeu. Até pouco tempo, a GTA, documento que autoriza o trânsito de animais entre propriedades e também para os frigoríficos, era preenchida a mão.
Em relação à chegada da missão européia ao Brasil, prevista para domingo, o ministro demonstrou tranqüilidade, apesar da polêmica que envolve o embargo do bloco à carne brasileira e os motivos que determinaram a suspensão comercial desde 1º de fevereiro.
As vendas foram suspensas porque o Brasil apresentou 2.681 fazendas que, segundo o governo, cumpriam as regras da UE. Os europeus pedem uma lista com apenas 300 propriedades.
Ontem, o ministro evitou falar sobre o número de fazendas na lista, mas confirmou que caberá aos europeus escolher as propriedades que serão visitadas na semana que vem. Stephanes também descartou mudanças no sistema de rastreabilidade, como defendem algumas certificadoras, que pedem regras mais rígidas para credenciar as empresas no ministério. Na semana passada, o ministro disse que a situação das certificadoras é um ¨escândalo¨.
Apesar das dificuldades com a UE, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Fábio Meirelles, avaliou que o Brasil deve insistir no mercado europeu, que compra cortes nobres. ¨Temos condições de atender outros mercados e também manter o fornecimento aos 27 países do bloco.¨