Cápsula Dragon da SpaceX se acopla com sucesso na ISS 04/03/2019
- FRANCE PRESSE
A missão de teste da cápsula Crew Dragon da SpaceX para a Nasa conseguiu superar uma fase delicada: se acoplou automaticamente ontem à Estação Espacial Internacional (ISS), a mais de 400 quilômetros sobre a superfície da Terra.
O acoplamento da cápsula, que leva um manequim a bordo, ocorreu às 07:51 (de Brasília), confirmaram os astronautas da estação.
Pouco mais de duas horas depois, os três membros da tripulação da ISS, a americana Anne McClain, o canadense David Saint-Jacques e o russo Oleg Kononenko, abriram a escotilha da cápsula e, pela primeira vez, entraram nela no Espaço.
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Em seu interior encontraram o manequim, Ripley, instalado em um assento, e uma pequena pelúcia com a forma do planeta azul, que a SpaceX introduziu com humor na cápsula para servir de “indicador de falta de gravidade super ‘high tech'”.
“Bem-vindos à nova era dos voos espaciais”, declarou McClain, do interior da Crew Dragon.
“Parabéns a todos por esta conquista histórica que nos aproxima do dia em que poderemos fazer voar astronautas americanos em foguetes americanos”, declarou o chefe da Nasa, Jim Bridenstine.
A cápsula se aproximou em várias etapas da estação, sincronizando a sua velocidade e trajetória.
Na imagem, o contato parecia acontecer muito devagar, mas o fato é que a ISS e a cápsula avançavam paralelamente a mais de 27.000 km/h em órbita à Terra.
A chegada demorou aproximadamente 27 horas desde o lançamento da cápsula em um foguete Falcon 9 da SpaceX do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. A Dragon se separará da estação na próxima sexta-feira para voltar à Terra e chegar em uma plataforma no Atlântico, freada por quatro paraquedas.
A missão é um ensaio geral, sem humanos, da primeira missão tripulada da Dragon, que será lançada este ano.
O objetivo da prova é verificar que o veículo seja confiável e seguro para permitir à Nasa retomar os voos tripulados de solo americano.
Desde o final do programa de naves espaciais em 2011, após 30 anos de serviço, somente os russos transportam pessoas em viagens de ida e volta à ISS.
“Uma nova etapa que nos aproxima do nosso voo”, disse o astronauta Bob Behnken, um dos escolhidos pela Nasa para a primeira missão tripulada.
SONHAR COM MARTE
A SpaceX fez essa viagem uma dúzia de vezes desde 2012, mas carregando apenas suprimentos para reabastecer a estação. Transportar humanos para lá requer assentos, um ar respirável em uma cabine pressurizada, uma temperatura regulada para os passageiros e, é claro, sistemas de emergência.
A Nasa se dispõe assim, pela primeira vez, a confiar a empresas privadas o transporte de seus astronautas. A Boeing também ganhou um contrato e está desenvolvendo sua própria cápsula, a Starliner, que será testada em poucos meses.
A agência espacial americana já não é proprietária de naves nem foguetes, e compra um serviço por um preço fixo: 2,6 bilhões de dólares por seis missões tripuladas de ida e volta no caso da SpaceX, de acordo com um contrato assinado em 2014, ao qual se somam os contratos de desenvolvimento das naves por 600 milhões.
Esta mudança de modelo começou durante o primeiro mandato do presidente Barack Obama, a partir de 2010. Mas devido aos atrasos no desenvolvimento, se materializou sob a presidência de seu sucessor, Donald Trump.
“Conseguimos fazer a Nasa vibrar novamente. Grande operação e sucesso. Parabéns à SpaceX e a todos!”, tuitou o presidente republicano no sábado, após o lançamento da cápsula.
A Nasa tem como instrução oficial desde 2017 voltar à Lua. Para isso, recebeu bom financiamento do Congresso e tem um orçamento de 21,5 bilhões de dólares em 2019.
Elon Musk, o magnata que criou a SpaceX em 2002, parece mais interessado em uma exploração mais distante do Sistema Solar. No sábado, voltou a expor seu sonho: “Deveríamos ter uma base na Lua, uma base humana permanentemente ocupada na Lua. E enviar pessoas a Marte e construir uma cidade em Marte”.
Musk assinou com um cliente, o bilionário japonês Yusaku Maezawa, para uma viagem ao redor da Lua, não antes de 2023, a bordo de um foguete que está em construção, muito mais poderoso do que o utilizado para a missão Dragon.