Nos últimos dias, no cais da cidade de Cáceres - 210 quilômetros de Cuiabá - um espetáculo natural é proporcionado aos moradores e turistas.


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São centenas de pequenos, médio e grandes ¨camalotes¨ -- aglomerações de plantas aquáticas -- que seguem rio abaixo, rumo ao Pantanal, uma movimentação rotineira durante a estação das chuvas.

Nesses blocos de vegetação flutuante, além das mais variadas espécies vegetais, pegam ¨carona¨ os mais diversos exemplares da fauna característica do bioma pantaneiro -- aves, répteis e até pequenos mamíferos.

Os historiadores apontam que o fenômeno natural foi decisivo na Guerra do Paraguai (1864-1870), travada com combates sangrentos em grande parte em batalhas navais no Rio Paraguai, deflagrada com aprisionamento do vapor Marquês de Olinda, em Assunção, que navegava em direção a Cuiabá.

Depois que as tropas de Francisco Solano Lopez tomaram a cidade de Corumbá -- situada à margem direita do rio Paraguai -- os paraguaios moblizaram uma frotilha com a missão de conquistar também o povoado de Vila Maria do Paraguai, hoje Cáceres-MT, evitando, assim, entrar no rio Cuiabá, pois havia uma tropa na Capital do Estado mais aparelhada para resistir à invasão, enquanto Vila Maria não oferecia qualquer resistência.

Guiada pelos índios guatós, a frotilha organizada pelo comandante Barrios seguiu rio acima até alcançar as baías Gaíva e Uberaba, onde imensos camalotes de aguapés tornaram impossivel a subida dos navios.

Contam os antigos que os guatós foram sacrificados, pois os militares paraguaios acreditavam terem sido traídos pelos ¨indios canoeiros¨.

Na realidade, trata-se de um fenômeno natural neste período do ano, quando somente com muita habilidade dos pilotos as embarcações conseguem ultrapassar.

No Centro Histórico de Cáceres, quatro ruas lembram a Guerra do Paraguai: 13 Junho, dia em que ocorreu a Retomada de Corumbá; Antonio João, nome do tenente poconeano que morreu em combate com as tropas invasoras em Dourados (MS); Antonio Maria Coelho, que comandou as tropas mato-grossenses que reconquistaram Corumbá e a rua Tapagem -- imortalizando a fortaleza natural que fez com que Cáceres fosse a unica cidade fronteiriça a não cair em mãos dos paraguaios.

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