Missão da UE chega hoje ao Brasil 24/02/2008
- Agência Estado
Veterinários vão vistoriar fazendas em seis Estados, entre os quais Mato Grosso
A missão de veterinários da União Européia (UE), que chega hoje a Brasília e começa os trabalhos de vistoria em fazendas espalhadas por seis Estados, vai encontrar o País dividido e sem rumo definido sobre as medidas a adotar para garantir a qualidade da carne brasileira. Apesar dos esforços para dar credibilidade ao Sisbov, sistema de rastreabilidade que foi colocado em xeque pelas autoridades européias, os empresários e os parlamentares ruralistas envolvidos com a cadeia produtiva da carne não se entendem sobre como enfrentar as críticas dos importadores.
O embargo da União Européia trouxe à tona as divergências entre pecuaristas, frigoríficos, empresas responsáveis pelo processo de certificação dos rebanhos e governo federal. ¨Ninguém se entende¨, resumiu o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS). Os fiscais da UE vão ficar no Brasil até o próximo dia 14 de março.
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O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deu início ao fogo cruzado ao afirmar, no Senado, que a situação das certificadoras era um ¨escândalo¨ e que os frigoríficos precisavam assumir a liderança no processo de certificação.
As certificadoras reagiram às críticas e reuniram-se com o ministro para propor a adoção de um modelo de certificação internacional, o que, na prática, reduzirá o número de empresas credenciadas pelo ministério para o trabalho de rastreamento dos rebanhos. No momento, mudanças no Sisbov estão descartadas, disse Stephanes.
Em ano de eleições municipais, o Congresso, com uma bancada em torno de duas centenas de deputados, também entrou forte no debate. Liderados pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), parlamentares da bancada ruralista criaram um grupo de trabalho para discutir um projeto de lei que vai definir novas regras para o Sisbov.
Mudar regras
Caiado é autor de um projeto de decreto legislativo para derrubar as atuais regras do sistema de rastreamento e de um projeto de resolução para suspender os acordos bilaterais Brasil-UE enquanto durar o embargo à carne brasileira, decretado pelos europeus no início deste mês. Não há data para votação dos projetos no plenário da Câmara.
Pratini cobra fiscalização do produto
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carnes (Abiec), Pratini de Moraes, ministro da Agricultura na época de implantação do Sisbov, disse que Stephanes tinha dado um ¨tiro no próprio pé¨ e cobrou fiscalização por parte do governo.
Já o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), disse que é ¨obrigação¨ do governo dizer o nome dos frigoríficos que exportaram produto irregular. Na avaliação do presidente da CNA, Fábio Meirelles, a principal falha na negociação com Bruxelas foi aceitar a exigência dos europeus para apresentação de uma lista de fazendas.
¨Da mesma forma que a União Européia não está interessada em rever as áreas não-habilitadas para exportar, considero que a lista pode ser uma forma de restringir permanentemente as exportações¨, disse ele.