Bolsonaro abre agenda para parlamentares e vai liberar emendas para ajudar prefeitos 11/04/2019
- O ESTADO DE S.PAULO
Em mais um esforço para tentar aprovar a reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro avisou que vai reservar grande parte da sua agenda para receber parlamentares às terças, quartas e quintas-feiras, em seu gabinete, no Planalto, quando o Congresso está em pleno funcionamento.
Na busca de votos pela aprovação da reforma, o presidente já avisou também que quer apressar a liberação de pelo menos R$ 3 bilhões de emendas parlamentares individuais ainda neste semestre.
A liberação ajudaria prefeitos e parlamentares, os quais têm reclamado da necessidade de recursos para tocar obras em suas bases.
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O gesto se juntará à decisão de Bolsonaro de ampliar o convite a parlamentares para acompanhá-lo em viagens pelo País.
O presidente também continuará abrindo espaço para receber os presidentes dos partidos, o que já tem feito desde a semana passada e com mais intensidade nesta semana.
Bolsonaro resolveu fazer gestos também para a oposição, sinalizando estar disposto a conversar.
O objetivo é tentar assegurar os 308 votos mínimos para a aprovação do texto nas comissões e na Câmara, o mais rápido possível, para que a matéria siga para o Senado.
A negociação de cargos nos estados também está em discussão.
Ontem, em outra iniciativa de boa vizinhança, Bolsonaro participará de um almoço no Rio de Janeiro com chefes dos Poderes e do Conselho de Ministros Evangélicos, a convite do pastor Silas Malafaia.
Bolsonaro vai dar carona não só para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tofolli, como para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está fora do País.
Outros parlamentares também convidados para o almoço integrarão a comitiva.
Alcolumbre estará amanhã no Amapá, seu estado, ao lado do presidente Bolsonaro e outros parlamentares amapaenses para a inauguração do aeroporto de Macapá.
Antes de embarcar para o Rio, o presidente vai comandar uma cerimônia no Palacio do Planalto sobre o balanço dos cem primeiros dias de seu governo.
A solenidade, que conta com cerca de 400 convidados, ocorre neste momento.
Bolsonaro havia convocado a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) para gravar um pronunciamento em cadeia de rádio e TV, para falar dos seus primeiros atos, mas acabou desistindo da iniciativa, atropelado pela agenda que previa encontro com cinco partidos políticos (PSL, Podemos, Novo, PSC e Avante).
Na última terça, 9, ele recebeu os presidentes do PR e do Solidariedade.
Na semana passada, já havia recebido também PSDB, DEM e PSD.
Seus auxiliares informaram que “não deu tempo”, pois o presidente estava “concentrando todos os esforços” no atendimento aos parlamentares.
Ao assumir o governo, Bolsonaro disse que só negociaria com bancadas, o que ocorreu nos primeiros momentos. Mas, agora, ao completar os primeiros cem dias e diante de derrotas e embates no Congresso, se rendeu aos presidentes dos partidos e a alguma das antigas metodologias, tentando dar uma nova roupagem a elas, evitando o toma lá, dá cá.
Mas, em busca dos 308 votos, o presidente prometeu aos prefeitos e parlamentares liberar emendas e deixar espaço na agenda.
Um dos responsáveis pela articulação no Planalto contabiliza que o presidente Bolsonaro tem “possíveis” 360 votos, o que seria uma margem folgada para aprovar o texto na Câmara.
A conta vem, por exemplo, da união de votos das bancadas ruralistas, que têm 260 parlamentares, e da saúde, que conta com 21, entre outras bancadas.
Mas políticos experientes sabem que a matemática não é tão exata quando se trata de votos no Congresso, o que explica o enorme esforço do presidente para atrair deputados e senadores para a base, seja com distribuição de emendas, convites para viagens ou atendimentos em audiências.
Há disposição até mesmo de distribuição de cargos nos estados.
Serão destinados entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões para atender pedidos de deputados governistas
A decisão de apressar a liberação de verbas de emendas, algo a partir de R$ 3 bilhões, é um pleito de deputados e senadores que querem ajudar os prefeitos de suas bases eleitorais nas eleições municipais do ano que vem.
A importância da liberação dos recursos logo é para que dê tempo de os prefeitos tocarem as obras e poderem inaugurá-las antes das eleições municipais de 2020.
Essa liberação rápida também permitiria que os parlamentares aprovassem a reforma da Previdência, no menor tempo possível.
O governo quer o texto pronto ainda neste semestre.