Russo defende tratamento técnico para a questão da carne 25/02/2008
- Fabíola Salvador - Agência Estado
Sergei Dankvert, chefe do serviço fitossanitário do país, defende negociações entre Brasil e União Européia
O chefe do serviço veterinário fitossanitário da Rússia, Sergei Dankvert, saiu nesta segunda-feira, 25, em defesa do Ministério da Agricultura e das negociações para retomada das vendas de carne bovina do Brasil para a União Européia. Segundo ele, todos os países têm problemas e o Brasil não é uma exceção. ¨Os problemas precisam ser solucionados e não podemos escondê-los¨, disse ele, ao lado do ministro da Agricultura Reinhold Stephanes.
Há duas semanas, durante audiência no Senado, o ministro Reinhold Stephanes disse que a situação das certificadoras era um escândalo e admitiu que o Brasil tinha vendido carne não rastreada para União Européia.
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Dankvert disse que a Rússia nunca tratou os problemas comerciais com o Brasil do ponto de vista político. Parte da pressão que levou a União Européia a suspender as compras do Brasil veio dos pecuaristas irlandeses.
Segundo o dirigente, a Rússia optou por ¨não politizar o assunto¨. Ele contou que o país suspendeu as importações de carne suína da Bulgária e da Romênia porque foram registrados cerca de 700 focos de peste suína clássica nos plantéis dos dois países no ano passado. ¨Se fôssemos agir como a comunidade européia age como Brasil, nos deveríamos fechar todas as importações¨, disse ele.
Dankvert disse que os países da América do Norte e da Europa cobram o cumprimento das regras da Organização Mundial de Comércio e pedem uma posição mais liberal, mas que na prática não assumem esta postura. ¨Na verdade eles não querem procurar nenhuma solução, porque isto traz vantagens para eles¨, disse Dankvert. Ele lembrou que o Brasil já teve problemas para vender carne para a Rússia, mas que as exigência foram compreendidas e os entraves foram superados.
Segundo o ministro Reinhold Stephanes, a Rússia importava menos de US$ 500 milhões em produtos brasileiros há seis anos. Hoje, estas importações somam US$ 4 bilhões, sendo que a metade vem do setor de carnes.
De acordo com Dankvert, o Brasil vendeu 30 mil toneladas de carne para a Rússia em 2000, volume que chegou a 950 mil toneladas no ano passado. Ele anunciou, juntamente com Stephanes, que outros 40 frigoríficos brasileiros serão habilitados para vender para o mercado russo.
O ministro da Agricultura afirmou que o Brasil mantém relação muito positiva com a Rússia, mercado que é muito exigente em termos sanitários, mas que não impõe barreiras por questões comerciais. O ministro lembrou que Dankvert avaliou que todas as questões são passíveis de solução, desde que haja interesse mútuo.
Numa reunião realizada nesta segunda no Ministério, a Rússia sinalizou que tem interesse em importar farelo de soja e animais vivos para a pecuária leiteira. O Brasil, por sua vez, disse que tem interesse na importação de trigo e de fertilizantes.