Governo vai liberar R$ 2 bi para conclusão de obras e manutenção de rodovias 17/04/2019
- O ESTADO DE S.PAULO
Na tentativa de atender demandas dos caminhoneiros, o governo vai liberar R$ 2 bilhões do Orçamento do Ministério da Infraestrutura para conclusão de obras importantes e manutenção de rodovias essenciais.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que o governo vai concluir a pavimentação da BR-163 até Mirituba e finalizar a rodovia na parte que depende do governo federal.
Ele citou ainda a recuperação de BR-135, duplicação da BR-101 (Bahia) e BR-116 (Rio Grande do Sul). “O governo não vai deixar faltar recursos”, garantiu.
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Segundo o ministro, o principal esforço do governo será construir uma referência de piso para o preço do frete que seja aceito por todos. “Modelar preço do frete não é uma tarefa simples. O trabalho está pronto e vamos debater”, afirmou.
Freitas afirmou que o governo desenvolveu um programa para melhorar as condições dos caminhoneiros e aumentar a renda.
Uma das ideias é eliminar intermediários (como despachantes) para tentar melhorar a remuneração.
“A discussão do frete é uma coisa que todos têm razão, embarcador e caminhoneiro. O embarcador paga caro e o caminhoneiro ganha pouco, onde está o dinheiro?”, afirmou.
De acordo com o ministro, serão incluídas nas novas modelagens de concessão a construção de pontos de paradas obrigatórias, o que também será incluído nas concessões existentes.
Ele citou ainda medidas para desburocratização, como a entrada em vigor neste mês do documento eletrônico de transporte.
Além disso, o programa para caminhoneiros terá um “pilar na comunicação” com o restabelecimento do Fórum Nacional de Transporte de Cargas.
“Teremos fórum permanente de diálogo, a porta está aberta. Teremos metas em fórum com caminhoneiros”, afirmou.
Ele disse ainda que há um excesso de demanda e o esforço é garantir que os caminhoneiros autônomos sejam contratados.
PACOTE AGRADA CAMINHONEIROS
Na avaliação do líder dos caminhoneiros, Wallace Costa Landim, conhecido como Chorão, o anúncio de uma linha de crédito específica para os profissionais autônomos de até R$ 30 mil agrada a categoria e pode evitar uma nova greve no setor, prestes a estourar a qualquer momento, sob as lideranças que surgem nas redes sociais.
Para bater o martelo sobre a questão, no entanto, a categoria espera ainda pela manifestação do presidente da República, Jair Bolsonaro.
“Inicialmente, claro que o pacote agrada (a categoria). Mas preferimos aguardar o que o presidente vai falar para comunicar oficialmente o posicionamento dos caminhoneiros”, diz o líder.
O presidente tece reunião à tarde com a equipe econômica, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e o diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone. Na pauta, o preço do óleo diesel.
Ainda ontem, Onyx Lorenzoni detalhou uma linha de crédito específica para o caminhoneiro autônomo de até R$ 30 mil, para compra de pneu e manutenção de veículos.
A linha de crédito, que está sendo desenhada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), terá R$ 500 milhões disponíveis na primeira liberação.
Segundo Onyx, os financiamentos começarão a ser disponibilizados pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
“Depois para os demais bancos e cooperativas de crédito pelo Brasil”, afirmou o ministro, sem dar data de quando a linha será efetivamente liberada.
O crédito será centrado em caminhoneiros autônomos, que tenham até dois caminhões por CPF.
Dívidas de R$ 32 mil
Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada neste ano, aponta que 34,1% dos caminhoneiros têm pelo menos uma dívida vencida ou a vencer, no valor médio de R$ 32 mil.
Para a categoria, o gasto com combustível lidera como maior custo dos caminhoneiros (92,7%), seguido dos custos com pneu (35,3%) e manutenção (32,9%)
Em média, um caminhoneiro autônomo tem vencimentos mensais de R$ 5.011,39, contra R$ 3.720,56 dos empregados de frota.
Levantamento recente da Repom, marca da Edenred Brasil que atua com foco em soluções de gestão e meios de pagamento de despesas de transporte rodoviário de cargas, indica que 30% dos motoristas já tiveram que recorrer ao empréstimo para a manutenção do veículo no Brasil.
Mercado financeiro animado
No mercado financeiro, os investidores reagiram ao pacote do governo para o setor de transporte de cargas.
A Bolsa abriu a tarde em alta firme, com avanço de 1,54% às 13:15, também na expectativa de uma solução para o impasse na questão do reajuste dos preços do óleo diesel.
O tom positivo da Bolsa reflete a leitura de que as medidas, incluindo linha de crédito de até R$ 30 mil para caminhoneiros autônomos e um cartão caminhoneiro para dar estabilidade ao valor do combustível, afastam a possibilidade de uma nova paralisação da categoria, que representa ameaça ao já fraco crescimento doméstico.
Quanto ao diesel, após o pacote, há aposta num entendimento que mantenha alguma autonomia da Petrobras na prática de sua política de preços, sem prejudicá-la, o que ajuda a sustentar as ações da estatal.
O dólar operou em alta. Isso porque o efeito da questão do diesel é negativo no câmbio, até pelo lado da percepção de que não há espaço fiscal para subsidiar preços, o que se soma aos principais fatores de alta do dólar no dia: exterior e algum desconforto com o adiamento da votação da admissibilidade da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para a semana que vem.