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ONU: natureza já está em parte perdida, e restante, em declínio
03/05/2019 - FRANCE PRESSE

“Grande parte da natureza já está perdida, e o que resta continua em declínio”, afirmam especialistas da ONU sobre Biodiversidade em um relatório que enumera ecossistemas devastados, água poluída, ar viciado e milhares de espécies ameaçadas de extinção.

A alarmante conclusão surge de uma pesquisa de 1.800 páginas, ao qual a AFP teve acesso no encerramento de uma reunião esta semana, em Paris, da Plataforma Intergovernamental sobre a Biodiversidade e os Serviços Ecossistêmicos (IPBES).

A natureza presta serviços inestimáveis ao homem como água, alimento, energia, material têxtil, minerais e medicamentos.


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A produção agrícola, por exemplo, possível graças aos solos e aos insetos polinizadores, encontra-se em constante alta, e a pesca aumentou 50% nos últimos 50 anos.

Mais de 2 bilhões de pessoas usam madeira de árvore como fonte de energia, e entre 25% e 50% dos produtos farmacêuticos provêm da natureza.

As plantas e os microorganismos também desempenham um papel crucial para filtrar a água e o ar. E a vegetação e os oceanos absorvem mais da metade das emissões de CO2 responsáveis pela mudança climática.

Exploração e poluição inéditas

O homem explora e polui a natureza como nunca antes na história, porém.

O resultado é que, “hoje em dia, 75% do meio ambiente terrestre, 40% do meio ambiente marinho e 50% dos cursos de água apresentam sinais importantes de degradação”, segundo o projeto de informe.

Mais de 40% das terras são agora agrícolas e urbanas, e apenas 13% dos oceanos e 23% das terras estão classificados como “virgens”, em lugares muito isolados, ou improdutivos.

“Mais de um terço das terras e três quartos dos recursos de água são utilizados para a produção agrícola e pecuária”, afirma o texto.

A deterioração dos solos reduziu a produtividade agrícola em mais de 20% da superfície terrestre, afetando mais de 3 bilhões de pessoas.

E a agricultura continua se expandindo, sobretudo, “às custas da floresta tropical”.

Entre 1990 e 2015, a cobertura florestal mundial caiu em torno de 6%, passando de 4,28 bilhões de hectares para 3,99 bilhões.

Cerca de 60% da população mundial vive em cidades e, por isso, as zonas urbanizadas dobraram de tamanho desde 1992, ocupando savanas e planícies.

A poluição é mais difícil de avaliar, mas a utilização de fertilizantes aumentou.

Mais de 80% do esgoto do planeta é vertido sem tratamento no meio ambiente e, ao mesmo tempo, de “300 a 400 milhões de toneladas de metais pesados, águas residuais tóxicas e outros dejetos são lançados por ano na água”.

Deste modo, “40% da população mundial não tem acesso à água limpa e potável”.

Os oceanos, onde são lançados todos os anos milhões de toneladas de plástico, não estão em situação melhor.

Os 70.000 navios da frota de pesca industrial cobrem agora “pelo menos 55% dos mares”. Além disso, “cerca de 75% das principais reservas de peixes” estão, atualmente, esgotadas, ou superexploradas.

Quadro dramático

Cerca de 25% das 100.000 espécies estudadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) para sua famosa lista vermelha estão classificadas como em risco de extinção, e 872 se extinguiram em 500 anos.

O relatório do grupo de especialistas do IPBES é muito mais dramático: entre 500 mil e um milhão de espécies estariam hoje em dia em perigo.

Fazendo uma projeção com base nas múltiplas avaliações de espécies, é “provável que ao menos um milhão de espécies de animais e plantas se encontrem ameaçadas de extinção”, indica o projeto de informe.

Os cientistas, que usam outro método de estimativa baseado no desaparecimento dos hábitats, chegam ao número provavelmente “prudente” de meio milhão, entre eles 3.000 vertebrados e mais de 40.000 plantas.

Estas espécies estão “mortas em suspenso” (sic), porque já se encontran provavelmente “condenadas ao desaparecimento”, em consequência dos danos provocados a seu hábitat.

  

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