Chinês Qu Dongyu é eleito diretor-geral da FAO 23/06/2019
- FRANCE PRESSE
O chinês Qu Dongyyu foi eleito no domingo o diretor-geral da FAO, agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, com sede em Roma, ao obter maioria absoluta no primeiro turno de votação.
Qu, Vice-Ministro da Agricultura em seu país, é o primeiro chinês a assumir esse cargo, substituindo brasileiro José Graziano da Silva.
194 delegados da FAO escolhem o novo diretor desta agência das Nações Unidas encarregada de erradicar a fome no mundo.
PUBLICIDADE
Representantes da China, Geórgia e França disputaram a sucessão de Graziano que na véspera presenciou uma ofensiva dos Estados Unidos em prol do candidato chinês.
A eleição do novo diretor, que presidirá a agência da ONU por quatro anos.
Apesar de Washington e Pequim estarem travando uma dura guerra comercial há meses, o candidato chinês foi o único a citar ontem como um possível parceiro da FAO a fundação americana Bill e Melinda Gates, fundada pelo ex-presidente da Microsoft.
Esta fundação está fortemente envolvida na pesquisa agrícola na África e promove sementes geneticamente modificadas (GMO) para aumentar os rendimentos agrícolas.
O futuro chefe da FAO enfrentará um dos maiores desafios para a humanidade: o aumento da fome no mundo, devido ao efeito combinado do aquecimento global e de conflitos, especialmente na África e no Oriente Médio.
Segundo a ONU, uma estratégia real será necessária para alimentar uma população mundial que atingirá 10 bilhões de pessoas em 2050, 2 bilhões a mais do que atualmente.
A segurança alimentar, o desenvolvimento agrícola, a agroindústria, o comércio, a biotecnologia, o clima e o meio ambiente são algumas das questões em discussão, disse Manuel Lafont Rapnouil, do Conselho Europeu de Relações Internacionais (ECFR).
Brasil apoiou a China
O Brasil anunciou em maio seu apoio a Qu Dongyu. O apoio acontece apesar do alinhamento diplomático do governo do presidente Jair Bolsonaro com os Estados Unidos, imerso em uma guerra comercial com a China.
Segundo o ex-embaixador brasileiro em Washington e atual presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), Rubens Barbosa, tratou-se de uma decisão “normal”.
“Não me surpreende, porque a posição do governo Bolsonaro mudou. No início, tinha uma retórica contra a China, mas isso mudou totalmente, porque a China é o principal sócio comercial do Brasil”, disse Barbosa à AFP.
A China aspira “mais e mais a posições de responsabilidade dentro da ONU”, disse, por sua vez, Richard Gowan, analista do CrisisGroup, um centro não-governamental de análise de assuntos internacionais.
Além disso, o chinês, biólogo de formação, trabalhou durante 30 anos no setor agrícola e alimentar, no desenvolvimento de tecnologias digitais para agricultura e áreas rurais, onde também introduziu o microcrédito.