Bolsonaro convoca gabinete de crise para tratar da Amazônia 23/08/2019
- AGÊNCIA ANSA
O presidente Jair Bolsonaro deve se reunir nesta sexta-feira (23) com ministros de Estado para formar um gabinete de crise sobre as queimadas que atingem a Amazônia.
A reunião deve envolver ministros e líderes de alto escalão do governo.
O decreto convocando os ministros para um comitê de crise foi publicado na noite de ontem.
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Na agencia oficial do Palácio do Planalto, está previsto para às 15:00 locais um encontro entre Bolsonaro e Fernando Azevedo (ministro de Estado da Defesa), Ernesto Araújo (ministro de Estado das Relações Exteriores), Ricardo Salles (ministro de Estado do Meio Ambiente), Jorge Antonio de Oliveira (ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República) e José Vicente Santini (secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República).
A medida vem após uma enxurrada de críticas e pressões de outros líderes políticos internacionais, que cobraram ações do governo Brasil para conter o que chamaram de “tragédia”.
Ontem, o presidente da França, Emmanuel Macron, tinha sugerido que as queimadas na Amazônia fossem um dos temas da reunião dos chefes de Estado e de Governo dos sete países mais ricos do mundo que começa amanhã, em Biarritz, no sul da França.
“Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% do nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional”, escreveu o mandatário em sua conta no Twitter.
“Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência”, propôs.
Após a crítica de Macron, outros líderes também se uniram para fazer apelos por uma reação do governo brasileiro contra os episódios de incêndio e desmatamento na Amazônia.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, foi um dos que endossaram o discurso. “Não poderia deixar de concordar. Trabalhamos muito para proteger o meio ambiente no G7 do ano passado, em Charlevoix, e precisamos continuar neste fim de semana”, disse o político pelas redes sociais. “Nossas crianças e netos contam com a gente”.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, informou que conversou ontem com o presidente Jair Bolsonaro e ofereceu ajuda para controlar os incêndios na Amazônia.
“Ofereci a Jair Bolsonaro ajuda a este país irmão e amigo para combater com maior eficácia e força os graves incêndios florestais que afetam a Amazônia”, contou o mandatário.
“Também espero conversar com o presidente da Bolívia, Evo Morales, para fazer a mesma proposta de ajuda”.
Na área da Amazônia que fica em território boliviano, três semanas consecutivas de incêndio consumiram mais de 500 mil hectares de floresta em Santa Cruz.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia também expressou “preocupação” pelos “múltiplo incêndios” registrados na Amazônia e apoiou o chamado internacional para conter o que chamou de “catástrofe ambiental”.
“Nós unimos a chamado urgente da região e da comunidade internacional para usarmos todos os esforços necessários para conter essa catástrofe que está provocando danos irreversíveis aos ecossistemas, à estabilidade do clima, à biodiversidade, aos recursos hídricos e às comunidades indígenas”, ressaltou a Chancelaria, completando que “a tragédia na Amazônia não tem fronteiras”, pois compromete o clima de várias nações, entre elas a Colômbia.
REAÇÃO
O governo brasileiro não recebeu bem as pressões internacionais. No Twitter, Bolsonaro acusou Macron de tentar “instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais”.
“O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema”, postou o presidente.
“O governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca a mentalidade colonialista descabia do século XXI”, criticou.
Um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, cujo nome tem sido cotado para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, também atacou o líder francês, publicando um vídeo no Twitter cujo título chamava Macron de “idiota”.