O jornalista Roberto Cabrini foi libertado na noite desta quinta-feira, após receber o relaxamento da prisão em flagrante e habeas corpus em São Paulo. Com o relaxamento da prisão em flagrante, a Justiça descarta a possibilidade de que Cabrini seja realmente um traficante.
¨Eu não vou falar nada agora. Eu gostaria de agradecer o carinho de vocês¨, disse Cabrini à Folha Online na saída do distrito. Ele também afirmou que continuará seu trabalho da mesma maneira de sempre.
Cabrini deixou o 13º Distrito Policial, localizado na Casa Verde (zona norte), às 20h32, acompanhado dos advogados Renato Martins e Alberto Zacharias Toron.
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O jornalista foi detido no início da noite da última terça-feira (15) no bairro Jardim Herculano (zona sul) com dez papelotes de cocaína, ele foi inicialmente encaminhado ao 100º Distrito Policial, que atende aquele bairro, e transferido ontem ao 13º Distrito Policial.
O jornalista estava na companhia de uma mulher, a comerciante Nadir Dias da Silva, 50, que Cabrini informou ser uma fonte em depoimento à polícia e nota veiculada para a imprensa.
Silva levaria o jornalista a ter acesso a um material que comprovaria que a polêmica entrevista realizada em maio de 2006 com Marcos Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa PCC, foi verídica, segundo Cabrini. Em seu depoimento, Silva alegou que ela era amante do jornalista.
Toron disse que Silva ameaçava Cabrini e que a investigação deve provar que o flagrante foi forjado. Para o advogado, as declarações de Silva não devem ser tomadas em conta.
Recém-contratado pela Record, Cabrini passou pela Band e Globo, foi correspondente de guerra e apresentador de telejornal.
A Record informou que estava ciente de que Cabrini realizava uma reportagem sobre tráfico de drogas e deslocou advogados da emissora para o caso.
O Sindicato dos Jornalistas publicou ontem uma nota de apoio ao jornalista. Hoje, o presidente da Associação Paulista de Imprensa, João Baptista de Oliveira, foi ao distrito policial levar uma carta para o jornalista.
Cabrini, em seu depoimento, disse que foi obrigado a consumir cocaína diante de Silva. Um vídeo teria sido feito. Toron afirmou não temer que o material vaze.
Condenado a 13 anos, ¨Dr. Picadinho¨ deixa o tribunal em liberdade
O ex-cirurgião Farah Jorge Farah foi condenado nesta quinta-feira a 12 anos de prisão por assassinato e mais um ano por ocultação de cadáver. A sentença foi dada pelo juiz Rogério de Toledo Pierri, do 2º Tribunal do Júri do fórum de Santana. Ele foi considerado culpado pelos jurados por unanimidade, mas não sairá do tribunal preso. O ex-médico era acusado de matar e esquartejar a ex-namorada e paciente Maria do Carmo Alves, 46.
Farah conseguiu a liberdade provisória em 2007 com um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal). Por isso, para ser preso, o ex-cirurgião terá de aguardar o processo transitar em julgado -- quando não há mais direito a recursos
Farah estava sob julgamento desde a terça-feira (15), no fórum de Santana (zona norte). No primeiro dia de júri, o ex-médico disse que era ameaçado pela vítima -- a paciente Maria do Carmo Alves, 46, com quem teve um relacionamento amoroso -- e afirmou não lembrar do momento do crime. A tese usada pelos advogados de Farah foi de legítima defesa, que foi contestada pela Promotoria.
¨Aquela mulher me atacou e eu me defendi tanto quanto pude. De lá para cá eu não me lembro. Eu surtei¨, afirmou. ¨Ninguém estava na minha pele naquele dia. Ninguém estava na minha pele naqueles cinco anos para saber o que eu sofri¨, disse o ex-cirurgião no primeiro dia de júri.
Nesta quinta-feira, os advogados de Farah reafirmaram a tese de legítima defesa, dizendo que a vítima chegou ao consultório do ex-cirurgião armada de uma faca e que ele desarmou a mulher e a golpeou com a mesma faca na região do pescoço.
¨Se ele tivesse dado um tiro nessa mulher e chamado a polícia o julgamento seria outro¨, segundo Roberto Podval.
A defesa de Farah também apresentou hoje relatórios de companhias de telefonia que apontaram que Maria do Carmo ligou para o ex-médico 3.708 vezes no mês de março de 2002.
Ontem (16), testemunhas ouvidas pela Justiça afirmaram ter sofrido abusos sexuais enquanto estavam sedadas devido a procedimentos cirúrgicos. Uma delas disse que, ao se recordar do abuso, não acreditou que fosse real. ¨Mas depois eu comecei a ouvir outras histórias iguais e fiquei assustada.¨
Crime
O ex-médico foi julgado pelo assassinato da paciente e ex-namorada Maria do Carmo. O crime ocorreu no consultório de Farah, em Santana (zona norte). Em novembro de 2006, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) cassou a licença para o exercício de medicina do cirurgião. Em maio de 2007, Farah conseguiu liberdade provisória.
À época do crime, a polícia informou que Farah usou um bisturi e pinças para dissecar o corpo de Alves e retirar a pele de parte do rosto, tórax e pontas dos dedos das mãos e pés. O processo teria levado dez horas.