Maior hidrelétrica do mundo pode sair do papel no Congo 21/04/2008
- BBC
Um projeto hidrelétrico que criaria a maior usina de eletricidade do mundo na República do Congo está sendo discutido nesta segunda-feira em Londres.
O projeto prevê que a chamada usina Inga 3, ou Grande Inga, no rio Congo, terá capacidade instalada de cerca de 40.000 MW, superando a das Três Gargantas, na China (18.000 MW quando estiver completa, em 2009) e de Itaipu (cerca de 14.000 MW). Isto significaria duplicar a energia disponível no continente africano.
Mas grupos não-governamentais alegam que a maior oferta não beneficiaria as populações locais, porque a produção de Inga seria exportada para projetos industriais na África do Sul, Egito, Espanha e outros na Europa e no Oriente Médio, segundo organizações ouvidas pelo jornal britânico The Guardian.
PUBLICIDADE
O repórter da BBC Nick Miles disse que as negociações em Londres são um ¨momento crucial¨ para o projeto, nascido nos anos 1980 mas abandonado sucessivas vezes por conta da instabilidade política no país.
Além disso, o alto custo da obra – estimada em US$ 80 bilhões, ou quase R$ 140 bilhões – requereria uma captação de recursos ¨delicada¨, nas palavras do repórter.
Segundo a imprensa britânica, o projeto atrai a atenção de banqueiros do Japão, dos Estados Unidos e da Europa, assim como instituições como o Banco Mundial.
Se o projeto de captação for bem-sucedido, a usina hidrelétrica ainda tardaria pelo menos 15 anos para ser construída e começar a gerar energia.
Ingá 3 seria a terceira usina hidrelétrica do rio Congo, além de Inga 1 e Inga 2. Apesar de gerar energia para exportação há muitos anos, pouco da eletricidade chega aos congoleses.
De acordo com o Guardian, apenas 6% das pessoas têm acesso à eletricidade no país. Nas áreas rurais, onde vive 70% da população, este acesso é de apenas 1%.
China realoca 4 milhões por causa de hidrelétrica
Pelo menos mais quatro milhões de pessoas deverão ser retiradas num período de dez a quinze anos da área em volta da represa das Três Gargantas, na China, que faz parte do projeto da maior hidroelétrica do mundo, anunciaram nesta sexta-feira os meios de comunicação estatais chineses.
Cerca de 1,4 milhão de pessoas já estão sendo forçadas a deixar suas casas no controvertido projeto que, autoridades chinesas admitiram há poucas semanas, poderá causar uma ¨catástrofe ambiental¨.
Em um fórum sobre o projeto na cidade de Wuhan, especialistas e funcionários chineses envolvidos em Três Gargantas relataram casos de deslizamentos de terra, erosão do solo e poluição da água nas regiões próximas à represa, em funcionamento desde 2006.
Milhões de pessoas deverão ser levadas para a cidade de Chongqing, no extremo oeste da represa.
Algumas dessas pessoas já foram realocadas antes. Entre elas estão pescadores e fazendeiros que deixaram seus antigos vilarejos antes que estes fossem inundados pelas águas da represa, para se estabelecer em áreas mais elevadas no vale do rio Yang-tsé.
¨Muitas pessoas colocaram as economias de toda uma vida nas novas casas que construíram¨, disse Grainne Ryder, do grupo de monitoramento canadense Probe International. ¨Agora elas são informadas de que terão que começar de novo, o que não é apenas trágico, mas pode levar ainda a mais protestos, seguidos de brutalidade oficial.¨
Segundo Ryder, tentativas anteriores de realocar camponeses nas cidades tiveram conseqüências negativas.
¨Agora eles são trabalhadores sem teto. Muita gente não recebeu terreno que lhes havia sido prometido e nem indenização, como prometido, então está na pobreza¨, afirmou.
Críticos do projeto de Três Gargantas alertaram há anos sobre os problemas surgidos agora, disse o correspondente da BBC na China, Chris Xia.
Mas o projeto contou com o apoio de figuras poderosas, como o ex-premiê Li Peng e o ex-presidente Jiang Zemin.
Reconhecimento oficial dos problemas, segundo Xia, parece indicar uma tentativa da atual liderança do país de se distanciar do legado negativo da represa.
O projeto, no valor de US$ 25 bilhões, deverá ser completado no final de 2008.
O governo da China optou por construir a megausina no começo dos anos 90 com o argumento de que a obra geraria energia verde, reduzindo emissões de gás carbônico, bem como ajudaria a controlar as cheias do rio Yang-tsé.
De acordo com números oficiais, a hidroelétrica é capaz de reduzir em 100 milhões de toneladas ao ano as emissões de gás carbônico no país, o que ajuda a evitar o aquecimento global.