Petróleo fecha em recorde e acumula alta de 24% no ano 22/04/2008
- Regina Cardeal - Agência Estado com informações da agência Dow Jones.
O temor com o crescimento da demanda por petróleo na China e a oferta cada vez menor do produto, com interrupção de produção na Nigéria, levaram o preço do barril a mais um recorde nesta terça-feira, 22. Os contratos futuros de petróleo fecharam acima de US$ 119 o barril na bolsa eletrônica de Nova York (Nymex). O valor do petróleo praticamente dobrou em relação ao fechamento de um ano atrás e acumula alta de 24,37% este ano, com base no preço de US$ 95,98 de 31 de dezembro.
No encerramento dos negócios, o barril foi negociado a US$ 119,37 o barril, alta de US$ 1,89, ou 1,61%. Na máxima do dia, o petróleo atingiu US$ 119,90 o barril, novo recorde intraday (durante o dia). Já o petróleo tipo Brent (negociado em Londres) subiu US$ 1,52, ou 1,33%, para US$ 115,95 o barril, também um recorde. Na máxima intraday, o Brent atingiu a marca de US$ 116,75 o barril.
¨Não parece haver nada no horizonte que faça as pessoas quererem sair do ouro negro¨, disse George Gero, vice-presidente de futuros globais da corretora RBC Capital Markets, em Nova York.
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A Nigéria, que já está operando abaixo de sua capacidade por problemas de segurança, foi atingida novamente pelos ataque de rebeldes a dois oleodutos na segunda-feira. A Royal Dutch Shell não conseguiu ter acesso aos oleodutos, que alimentam um terminal-chave de exportação, disse um porta-voz.
Na segunda-feira, a joint venture que inclui a Shell disse que foi forçada a suspender cerca de 169 mil barris por dia em exportações de petróleo de seu terminal Bonny no sul da Nigéria até maio após um ataque separado a um oleoduto na semana passada.
A ameaça de uma greve numa refinaria de 196 mil barris/dia da Ineos PLC no Reino Unido ajudou a ampliar os temores de que uma paralisação poderá afetar a produção nos campos de petróleo do Mar do Norte.
Demanda em alta
Ao mesmo tempo, a demanda global de petróleo deve crescer cerca de 1,3 milhão de barris por dia este ano, para 87,2 milhões de barris/dia, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Enquanto a desaceleração da economia dos EUA contrabalança o temor com a alta da demanda, a China reforça esta preocupação. A China importou um recorde de 4,09 milhões de barris por dia de petróleo no mês passado, segundo dados de sua Administração Geral de Alfândega divulgados hoje.
¨Do ponto de visto dos investidores, os fundamentos de oferta e demanda não parecem que entrarão no território de oferta excessiva no curto prazo¨, disse Bart Melek, estrategista de commodities da corretora BMO Capital Markets em Toronto.
¨Níveis aceitáveis¨
Uma grande conferência dos maiores consumidores e produtores de petróleo do mundo terminou nesta terça-feira com um comunicado moderado sobre os riscos dos preços do petróleo. O Fórum Internacional de Energia, após se reunir em Roma, informou em nota que ¨os preços do petróleo devem ficar em níveis aceitáveis para os produtores e consumidores a fim de garantir o crescimento econômico global, particularmente dos países em desenvolvimento.¨
As novas mínimas do dólar em relação ao euro, que recentemente superou US$ 1,60, também alimentaram a alta do petróleo, denominado em dólares, porque os exportadores ajustam seus preços para compensar o declínio da moeda. Os fundos de investimentos entraram pesadamente em commodities, incluindo o petróleo, como um hedge contra a inflação.
A deterioração do dólar e as expectativas de inflação são ¨os fatores mais importantes¨ por trás da alta do preço do petróleo, disseram analistas do Société Générale em relatório a clientes. ¨Ao mesmo tempo, os fundamentos da oferta e da demanda têm sido fatores secundários de suporte, embora importantes¨.