ONU se reúne para elaborar plano de combate à crise alimentar 28/04/2008
- France Press e Folha Online
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, e dirigentes de 27 agências da organização, iniciaram nesta segunda-feira em Berna (Suíça) uma reunião a portas fechadas dedicada à crise provocada pela alta de preços dos alimentos básicos.
¨É um momento apaixonante para a ONU, mas também um momento em que somos colocados diante do desafio de fazer tudo o que pudermos para responder às expectativas que o mundo depositou em nós¨, disse o secretário-geral.
Na semana passada, ele classificou a alta nos preços dos alimentos como uma ¨crise global¨. ¨Esse forte aumento nos preços dos alimentos se tornou uma crise global real¨, disse, em uma conferência em Viena (Áustria). ¨A ONU está muito preocupada, bem como todos os países-membros¨, afirmou, e destacou que a comunidade internacional precisa tomar uma ação imediata.
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O arroz registrou alta de 141% em seu preço desde janeiro, o trigo custa 130% a mais que há 12 meses e o milho nunca esteve tão caro em 12 anos: a disparada do custo dos alimentos, que tem provocado protestos violentos em muitos países, aumentou o número de famintos em dezenas de milhões.
No Brasil, na última quarta-feira (23), o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) informou a suspensão das exportações do estoque público e afirmou que conversaria com produtores para suspender também as vendas externas privadas. Ontem, no entanto, Stephanes disse que o país só adotará medidas para restringir a exportação de arroz em ¨casos extremos¨.
A ONU e suas agências devem ajudar de maneira urgente as populações que passam fome e buscar soluções a longo prazo. Para isso, terá de atuar como mediadora entre os defensores do protecionismo e os que defendem a abertura dos mercados, e inclusive entre os partidários dos biocombustíveis e seus detratores.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU, que alimenta 73 milhões de pessoas em 78 países e é considerado a última barreira entre os famintos e a inanição, deve ser reforçado em pelo menos US$ 756 milhões adicionais, segundo seus dirigentes.
O encontro começou na sede da União Postal Universal. Depois das discussões da manhã, os dirigentes da ONU prosseguirão com as reuniões à tarde no hotel Bellevue, no centro de Berna.
Oportunidade
O diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), Jacques Diouf. afirmou na sexta-feira (25) que o encontro de líderes mundiais em Roma programado para os dias 3 a 5 de junho será a oportunidade para que o mundo possa repensar suas políticas e agir. ¨Os fatos são claros. Um, precisamos providenciar dinheiro e alimentos para que as pessoas possam ter o que comer e para reduzir os custos para os pobres, de modo que eles possam ter acesso aos alimentos¨, disse Diouf, segundo a agência de notícias Associated Press (AP). ¨Dois, temos de ajudar os agricultores a ter acesso ao que eles precisam para produzir.¨
Segundo ele, seria necessário US$ 1,7 bilhão para financiar essa ajuda. ¨Todos estão dizendo ´vamos alimentar as pessoas e vamos dar mais ajuda´, o que, é claro, também é importante (...) Mas a atual safra e a próxima deveriam ser o foco neste momento¨, disse --acrescentando que, se não for assim, ¨estaremos perdendo o passo de novo¨.