Ao menos 80 mil pessoas morrem em apenas uma cidade de Mianmar 08/05/2008
- Folha Online*
Ao menos 80 mil pessoas morreram somente no distrito birmanês de Labutta, no extremo sul do país, por causa do ciclone tropical Nargis, informou hoje um oficial da Junta Militar que governa o país.
Até o momento, o regime admite 22.980 mortos, 42.119 desaparecidos, 1.383 feridos e mais de um milhão de desabrigados, mas a Embaixada dos Estados Unidos sustenta que o número de vítimas fatais pode ser superior a 100 mil.
Um porta-voz do regime militar em Labutta disse que a maioria das 63 aldeias que cercam a capital do distrito está totalmente submersa em uma zona que sofreu o maior impacto do tufão que assolou no sábado passado Mianmar.
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O governo não confirmou oficialmente o dado e continua escondendo da população a autêntica magnitude do desastre.
Labutta se encontra às margens do rio Irrawaddy, a área mais castigada pelo Nargis.
Povoados inteiros se encontram submersos pelas enchentes e os corpos flutuam sobre a água e se acumulam nos mangues, segundo relatos de testemunhas.
ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira (7) à Junta Militar que facilite a entrada no país da ajuda humanitária que a comunidade internacional deseja enviar aos desabrigados pelo ciclone.
A porta-voz da ONU, Marie Okabe, assegurou que Ban ¨está muito preocupado com a tragédia contínua¨ que vive Mianmar.
¨Dada a magnitude do desastre, o secretário-geral pede ao governo de Mianmar que responda ao movimento de assistência e solidariedade internacional facilitando ao máximo a chegada de voluntários e a autorização de entrada de material humanitário¨, disse.
Okabe destacou que Ban considera que as atuais circunstâncias constituem ¨um momento crítico para o povo de Mianmar¨ e que uma flexibilização dos trâmites de entrada ¨ajudarão o governo em sua resposta a esta tragédia¨.
Assistência
A porta-voz enfatiza ¨a importância de proporcionar assistência nos primeiros dias após o impacto do ciclone¨, disse.
Okabe acrescentou que Ban Ki-moon recebe com agrado as informações que chegam da região em que será permitida, na quinta-feira, a entrada de alguns especialistas em desastres das Nações Unidas para avaliar a situação e determinar que tipo de assistência deve receber prioridade.
A ONU considera que a lentidão na tramitação de vistos e a autorização de entrada de material humanitário se transformou em um obstáculo para socorrer os quase um milhão de afetados pelo ciclone, que devastou o sul de Mianmar.
O regime militar que governa Mianmar desde 1962 permitiu, até o momento, a chegada a conta-gotas de assistência internacional.