Brasil está perto de renegociar 90% da dívida agrícola 12/05/2008
- Roberto Samora - Reuters
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou nesta segunda-feira que a medida provisória que trata da renegociação da dívida agrícola deverá ser assinada ainda nesta semana e englobará cerca de 90 por cento do total estimado em 87 bilhões de reais.
¨Vai renegociar praticamente tudo, 90 por cento dos 87 bilhões de reais. Isso já foi transformado em medida provisória, estamos levando quase 30 dias para deixá-la em condições de assinatura porque tem tudo o que aconteceu em 30 anos nessa dívida¨, afirmou Stephanes após o início do 16º Seminário do Agronegócio para Exportação, promovido pela Fiesp em São Paulo.
A renegociação do endividamento rural pode aliviar dificuldades financeiras de milhares de produtores, principalmente na área de grãos, que saíram recentemente de uma das piores crises em décadas, e permitir novos investimentos para elevar a produção.
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¨Para se ter uma idéia, o texto da medida provisória tem 28 páginas e tudo indica que nesta semana será assinada¨.
Anteriormente, as discussões entre o governo e o setor privado indicavam que a renegociação atingiria cerca de 76 por cento do total da dívida.
Essa dívida, que remonta a 30 anos de pendências com o setor financeiro e que vem sendo prorrogada ano após ano, é considerada pelo ministro como um dos fatores que poderão ajudar o produtor a assegurar uma rentabilidade na próxima safra de verão, que começa a ser plantada no segundo semestre.
¨Se o agricultor consegue ter renda e se capitalizar, ele aumenta a produtividade, então a renegociação de toda a dívida é importante, mas não é o único item (para estímulo da produção)¨, disse Stephanes, admitindo que o Brasil apenas conseguirá equacionar o problema do aumento de custos no médio e longo prazo.
Comentando sobre o reflexo da alta internacional dos preços dos alimentos para o Brasil, Stephanes disse acreditar ¨que todo o impacto que tínhamos que ter sobre a inflação este ano, já tivemos¨.
¨Não acredito que tenhamos novos aumentos. Ao contrário, já tivemos baixa no feijão, uma pequena baixa no trigo¨, disse ele, lembrando que a situação do arroz também está sob controle.
O ministro também afirmou que os preços agrícolas não deverão ter impacto sobre a inflação do próximo ano.
¨Mas também é possível que em 2010 tenhamos um novo reajuste no mercado mundial, porque o consumo continua crescendo¨, afirmou, observando que em muitos casos esse crescimento é mais intenso que a própria capacidade de aumento de produção mundial.
Por outro lado, Stephanes também vê uma grande oportunidade para o Brasil aumentar sua renda com exportações, daí a necessidade de preparar o país para aumentar sua produção.
¨Isso beneficia o Brasil porque 100 por cento do superávit da balança comercial é agrícola¨, completou.
Stephanes afirmou que o próximo plano safra do governo está dando atenção especial para garantir a rentabilidade e a oferta dos setores de milho, arroz, feijão e trigo, considerados ¨os mais sensíveis¨ para o país.