Unger critica proposta de Minc de criar guarda nacional ambiental 21/05/2008
- Renata Giraldi - Folha Online
O ministro Mangabeira Unger descartou nesta quarta-feira a criação de guarda nacional ambiental para fiscalizar a região Amazônica, como sugeriu o futuro ministro Carlos Minc do Meio Ambiente.
Sem citar o nome do colega, Unger definiu a idéia no grupo de ¨definições prematuras¨ e que não devem ser adotadas no atual momento de discussão do PAS -- Programa Amazônia Sustentável.
¨Esse não é o momento para definições prematuras. Mas não sou eu quem vou definir o plano de desenvolvimento da Amazônia¨, afirmou Unger após sessão em audiência pública na Câmara. ¨Eu insisto [o PAS] é uma obra coletiva, a minha tarefa é ajudar a coordenar um trabalho de equipe, uma lógica de co-autoria dentro do governo, dentro da Amazônia e dentro da nação.¨
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Unger criticou ainda as ¨idéias erradas¨ que há em torno da Amazônia. Segundo ele, é impossível manter a região como um ¨santuário¨ sem desenvolver ações produtivas, assim como é necessário conter os avanços depredatórios.
Ele disse ainda que não teve ¨oportunidade¨ para se reunir com Minc para tratar de Amazônia. No entanto, ele negou que os comentários do novo ministro para que o PAS fosse gerenciado pelo Meio Ambiente foram críticas à gestão que ele é o responsável. ¨Eu não entendi assim. Estou consciente das minhas limitações e preciso confiar na generosidade e no desprendimento dos meus conciliadores¨, disse ele.
Mais uma vez, Unger elogiou a atuação da ex-ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que segundo interlocutores teria deixado o governo por discordar da determinação para que ele gerencie o PAS.
¨Eu lamento a saída da ministra Marina Silva. Eu me encontro entre os muitos admiradores da sua ação pública. Espero encontrar com a ajuda e o aconselhamento dela no cumprimento da grande tarefa que o presidente da República me atribuiu. A ação pública da [ex-] ministra Marina demonstra as qualidades que todos nós devemos ter na vida pública e na execução de tarefas: modéstia, coragem, tenacidade, esperança e imaginação¨, disse ele.
Audiência
Por cerca de uma hora e meia, Unger tratou das prioridades para a Amazônia. Segundo ele, o desafio do governo é executar medidas que levem ao desenvolvimento sustentável na região. ¨A Amazônia não é apenas fronteira da geografia, mas da imaginação¨, ressaltou o ministro. ¨Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil. Não poderemos fazer esse trabalho, se tivermos medo. Precisamos ter o espírito desarmado.¨
Unger afirmou que os governos federal, estaduais e municipais devem trabalhar em parceria para executar as ações de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Como prioridades, o ministro relacionou nove ações, incluindo a organização da agricultura na região, mudanças jurídicas, monitoramento das áreas de preservação e estímulos para indústrias e qualificação profissional.
O ministro destacou que um dos ¨maiores vilões¨ da Amazônia é a exploração fundiária. ¨Um dos maiores vilões na Amazônia é a agropecuária extensiva. É necessário organizar isso¨, afirmou ele.