Obama promete diplomacia direta com AL e Cuba 24/05/2008
- Reuters
O pré-candidato democrata Barack Obama assegurou ontem, em Miami, que no caso de ser eleito presidente dos Estados Unidos, mudará radicalmente a política de Washington para a América Latina, incluída uma nova estratégia para Cuba, que buscará a ¨diplomacia direta¨, autorizará viagens de familiares à ilha e o envio de remessas sem limites aos parentes. ¨É a hora dos Estados Unidos voltarem a estender uma mão de ajuda à América Latina e de serem novamente um raio de esperança para a região,¨ disse Obama, em discurso durante almoço na Fundação Nacional Cubano-Americana.
Obama advertiu, no entanto, que não tolerará que a guerrilha das Forças Armadas revolucionárias da Colômbia (Farc) receba ajuda financeira dos governos dos países da região. As Farc são classificadas como grupo ¨narcoterrorista¨ pelo governo dos EUA. Cerca de 850 pessoas pagaram, cada uma, US$ 150 para almoçarem com o pré-candidato e escutarem o seu discurso.
Referindo-se à sua estratégia para Cuba, Obama negou que tenha tentado se reunir com o atual presidente cubano, Raúl Castro, como disse seu rival republicano, John McCain. ¨Depois de oito anos das políticas desastrosas de George W. Bush, chegou a hora de avançar a diplomacia direta, com amigos e inimigos, sem pré-condições,¨ disse Obama.
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O senador por Illinois, que fez um discurso de mais de um hora sobre sua visão para a América Latina, disse que se chegar à presidência dos EUA, uma das suas primeiras medidas será autorizar imediatamente a viagem de familiares a Cuba, e também o envio de remessas à ilha, ¨sem limites.¨
¨É hora de permitir aos cubano-americanos visitarem suas mães e seus pais, seus irmãos e irmãs. É hora de deixar que o dinheiro cubano-americano diminua a dependência que seus familiares têm do regime de Castro,¨ disse Obama.
¨Estamos extraordinariamente satisfeitos,¨ disse José Hernández, presidente da Fundação, em uma improvisada coletiva após o almoço. Ele disse não se opor a que Obama dialogue com Raúl Castro. ¨É melhor falar antes que ficar de braços cruzados,¨ disse. A comunidade cubana nos Estados Unidos costuma apoiar os candidatos republicanos. ¨Nós apoiaremos a luta do governo da Colômbia contra as Farc,¨ disse Obama.
O pré-candidato democrata também disse que os EUA precisam destinar mais dinheiro para combater a pobreza na América Latina Os EUA não podem ¨ignorar o sofrimento do sul, nem permitir que a globalização seja feita com estômagos vazios.¨ Obama disse que entre seus planos está o aumento ¨de maneira significativa, da nossa ajuda às Américas.¨
Obama também criticou o candidato republicano John McCain, por ter oferecido ¨promessas vazias¨ à comunidade cubano-americana. O senador por Illinois repetiu seu desejo de se encontrar com o presidente cubano Raúl Castro, caso seja eleito presidente dos EUA. Mas disse que tal encontro ocorrerá apenas em um lugar que ele escolher e quando houver ¨uma oportunidade para avançar os interesses dos Estados Unidos.¨
Enquanto isso, coordenadores das campanhas do senador Barack Obama e da senadora Hillary Clinton mantêm conversações formais que podem levar ao encerramento do disputa pela nomeação de um candidato à presidência dos EUA pelo Partido Democrata, informou a agência Dow Jones. Obama lidera nas preferências entre os delegados que devem votar na Convenção do Partido Democrata em agosto, mas Hillary tem repetido que irá brigar pela nomeação até a convenção.