¨Não quero ir ao ringue¨, diz Maggi em fórum da Amazônia 30/05/2008
- Leonencio Nossa e Ângela Lacerda - O Estado de S.Paulo
O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, chegou nesta sexta-feira, 30, ao Centro de Convenções, onde está sendo realizado o I Fórum de Governadores da Amazônia Legal, com disposição ao diálogo.
¨Não vim aqui para ir ao ringue. Vim para negociar e discutir¨, disse Maggi que vinha protagonizando um tiroteio verbal pela imprensa com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Os dois tiveram um rápido encontro na entrada do Centro de Convenções, onde será realizado o encontro.
Blairo Maggi cobra do governo alteração na portaria 96, assinada em 27 de junho pela ex-ministra Marina Silva. A portaria, segundo o governador, torna quase impossível a concessão de crédito oficial para todos os municípios do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima e outras 106 cidades do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins que, embora estejam no cerrado, foram incluídos pela ministra no bioma Amazônia.
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A expectativa é de que Lula anuncie na reunião com os governadores uma mudança na portaria. O Ministério da Fazenda estima que os créditos para os cerca de 500 municípios bloqueados envolvem R$ 2,6 bilhões.
Minc oferece ¨tudo de bom¨ para quem não desmatar
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, no seu discurso aos governadores da Amazônia nesta sexta-feira, 30, afirmou que a Medida Provisória publicada na quinta-feira garante R$ 1 bilhão para recompor reservas legais da Amazônia. Minc disse ainda que a resolução do Banco Central que bloqueia crédito agrícola para quem não possui regularização ambiental será mantida. E destacou: ¨Para quem estiver na ilegalidade para desmatar, sofrerá a ação da Polícia Federal¨.
Minc chegou a Belém vindo da Alemanha, onde foi reivindicar ajuda financeira para a Amazônia. Ele confirmou que no próximo dia 5, será assinado o acordo que criará o Fundo de Proteção da Amazônia. Explicou que na viagem que fez à Alemanha, já foi conseguida a primeira doação, da Noruega, que garantiu US$ 100 milhões por ano durante cinco anos, para manter a floresta em pé para a sua recuperação.
O ministro garantiu que quem quiser regularizar sua situação terá todo apoio para as atividades extrativistas, e declarou que o governo vai oferecer ¨milhões de reais, preço mínimo, tudo de bom¨.
Ele disse que a Operação Arco Verde terá recursos para o bom desenvolvimento, mas que a Operação Arco de Fogo terá mão dura contra a impunidade ambiental e os criminosos ambientais. Apesar do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), ser a favor da revogação da resolução, Minc afirmou que principalmente agora que começa a estiagem na região amazônica - nos meses de junho, julho e agosto - ¨não se pode dar crédito para desmatar¨.
O ministro explicou que alguns municípios não serão atingidos pela resolução por não pertencerem ao bioma Amazônia. Propriedades que ficam na fronteira em área de cerrado ou pantanal deverá ter acesso à financiamentos. Um pouco antes, Maggi afirmou que não se podia ser simplista impedindo quem está produzindo de produzir. ¨Uma proibição pode levar a um aumento da ilegalidade¨, alertou ele.
O ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, disse que pela primeira vez na história, a Amazônia ocupa o centro da atenção nacional . ¨A nação anseia por uma reconciliação profunda e duradoura e de desenvolvimento e preservação¨. Para ele, o maior problema é que ¨estamos muito aquém de onde devíamos estar, tanto em iniciativas de preservação como de desenvolvimento¨.
Ele disse que o Ministério tem propostas de iniciativas em sete áreas para promover a reconciliação entre desenvolvimento e preservação. As áreas se referem a incentivos para iniciativas economicamente viáveis, promoção de práticas cooperativas, transporte e capacitação de recursos humanos, entre outras.