Lula defende política indigenista e criação da guarda ambiental 05/06/2008
- Renata Giraldi - Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira as políticas indigenista e de reforma agrária definidas no seu governo. Ao comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, Lula atacou os que criticam a União por reservar áreas para indígenas, sem-terra e seringueiros, enquanto há proprietários que sozinhos têm até um milhão de hectares.
¨Não é menos importante fazer uma reserva de 709 mil hectares para 109 famílias¨, afirmou o presidente, referindo-se a uma das medidas anunciadas hoje que é a reserva do Médio Xingu, no Pará. ¨Muitas vezes somos acusados que estamos dando muita terra para não sei quantas famílias, índios, seringueiros e as pessoas se esquecem que existe apenas um proprietário que tem, às vezes, um milhão de hectares ou 500 hectares. E alguns acham pouco e querem grilar as [terras] dos outros.¨
O presidente disse estar convencido que há avanços no país para a compreensão de que o realizado pelo governo seria a combinação perfeita.
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¨Estou convencido que nós estamos avançando para uma combinação entre os marcos legais, que nós queremos e que o Congresso aprova, e o aumento da consciência política da sociedade que cada benefício que a gente fizer¨, afirmou Lula, sendo aplaudido pela platéia formada por ambientalistas e alguns parlamentares.
Guardas
Na cerimônia, no Palácio do Planalto, o presidente disse ainda que é necessário aumentar o rigor contra os que desmatam em áreas de preservação ambiental e ampliar o sistema de fiscalização dessas regiões. As alternativas, segundo ele, são criar a guarda nacional ambiental, defendida pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), e castigar os que burlam a lei.
¨Acho que nós temos de ser muito duros com os cidadãos que estão fazendo queimadas e desmatando (inadvertidamente). A gente não pode generalizar na crítica, não pode fazer acusações genéricas. A gente tem que pegar o exemplo de um cidadão e ele receber o castigo¨, afirmou o presidente.
Segundo Lula, é fundamental estabelecer limites de forma clara para que as pessoas não ultrapassem a fronteira permitida. ¨O importante é que quando as pessoas entrem na casa da gente, peçam licença para abrir a geladeira, porque aquilo tem dono¨, afirmou.
O presidente apelou para que os parlamentares apóiem a idéia de criar uma guarda nacional ambiental destinada a atuar nas áreas de preservação. ¨Nós precisamos de muito mais policiais, quem sabe criar uma guarda nacional para tomar conta das florestas, para isso é preciso fazer alguns concursos¨, disse.
Em seguida, Lula lembrou que o tamanho do Brasil dificulta a fiscalização. ¨Um país com um território imenso como este, às vezes, a gente fica sabendo da queimada pela televisão ou o pessoal do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas) mostra a fotografia.¨
Orgulho
O presidente afirmou que há muito o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente. ¨Nós temos de comemorar e temos de ter orgulho do que estamos fazendo¨, afirmou. ¨Nós vamos continuar fazendo a nossa parte¨, reiterou.
Minutos antes da solenidade, o diretor da organização SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, criticou a política ambiental do governo federal. Segundo ele, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é um atraso para o país.
¨O PAC hoje é uma desgraça sob o ponto de vista ambiental. Agora é baixar a bola e não deixar que avancem esses devaneios desenvolvimentistas¨, disse Mantovani. Em discurso, o presidente respondeu à crítica do ambientalista. ¨Não há incompatibilidade alguma entre o desenvolvimento e a preservação ambiental.¨