Semente de tamareira brota e vira planta 2.000 anos depois 13/06/2008
- BBC
Uma semente com cerca de 2.000 anos encontrada no deserto da Judéia foi plantada por cientistas israelenses e germinou, segundo artigo publicado na revista especializada Science nesta sexta-feira.
Isso a tornaria a semente mais antiga do mundo a germinar de que se tem conhecimento.
A semente de tâmara foi encontrada em escavações em 1963, na antiga fortaleza do rei Herodes, em Masada, perto do Mar Morto.
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Na ocasião, os cientistas encontraram um grupo de sementes, que mantiveram em uma sala em temperatura ambiente com a intenção de estudá-las mais a fundo.
A região era famosa por suas tâmaras com propriedades medicinais, e há 2.000 anos as frutas eram o principal produto de exportação da região hoje ocupada por Israel.
Mas séculos de guerras, invasões e secas prejudicaram o cultivo das tâmaras, e já na época das Cruzadas, há 800 anos, as vastas florestas de tamareiras da região haviam desaparecido.
Recentemente, uma equipe de botânicos, agrônomos e biológos liderados por Sarah Sallon, do Centro de Pesquisa de Medicina Natural L. Borick, analisaram as sementes e decidiram plantar algumas, como parte de um projeto para recriar plantas medicinais que haviam existido na região.
Carbono
Já houve várias experiências em que sementes “antigas” germinaram, afirma a Science, mas poucas conseguiram verificar a idade das sementes de maneira cientificamente aceitável.
A equipe de Sallon usou o processo de datação radioativa por caborno - que mede a idade de objetos com base no declínio da taxa de seus isótopos de carbono – para determinar a idade de duas das sementes, que teriam entre 2.110 e 1.995 anos.
Como o processo danifica as sementes, os cientistas plantaram uma terceira semente. Esta semente germinou depois de oito semanas, transformando-se numa planta semelhante às atuais tamareiras.
A única diferença eram pequenos pontos brancos nas primeiras folhas da planta, provavelmente causados pela falta de clorofila, atribuída à deficiência de nutrientes essenciais durante os primeiros estágios da germinação.
Depois de permitir que a planta – apelidada de Matusalém em homenagem ao personagem mais velho da Bíblia – crescesse por 15 meses, os cientistas a transferiram para um vaso maior e recolheram vestígios da semente das raízes, para realizar o processo de datação, que comprovou as suspeitas dos cientistas, de que ela teria perto de 2.000 anos.
Os cientistas acreditam que as condições no deserto, seco e quente, tenham contribuído para a preservação das características originais da semente.
“A habilidade de sementes permanecerem viáveis por longos períodos de tempo é importante na preservação dos recursos genéticos da planta”, afirma Sallon.
A cientista e sua equipe estão agora conduzindo análises na planta para saber se ela representa uma espécie extinta. Se for, Sallon pretende reintroduzi-la em Israel, o que permitiria a cientistas cruzar a antiga tamareira com espécies mais modernas, na esperança de criar plantas mais resistentes a infecções e secas, por exemplo.
A semente mais antiga conhecida a ser germinada, antes desta, foi a de uma flor de lótus, que tinha 1.300 anos.