Petróleo bate novo recorde e se aproxima de US$ 140 em NY 16/06/2008
- Folha Online
O preço do petróleo se prepara para cruzar a marca dos US$ 140 nesta segunda-feira. A queda do dólar mais uma vez impulsiona os preços pelo temor que provoca ao tornar o barril da commodity mais acessível a novos compradores -- o que pressiona a demanda.
O barril do petróleo cru para entrega em julho, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), chegou ao recorde de US$ 139,89 (o recorde anterior era de US$ 139,01). Na Europa, o barril de petróleo Brent para entrega em agosto também bateu uma marca histórica, a US$ 139,32 nesta segunda.
O dólar voltou a cair depois que o Federal Reserve de Nova York (uma das 12 divisões regionais do Fed, o BC americano) anunciou o índice Empire State, que avalia o desempenho da atividade manufatureira na região de Nova York. O indicador ficou em -8,7 pontos em junho, contra -3,2 em maio. Índices abaixo de zero apontam o enfraquecimento da atividade.
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Com mais um indicador econômico fraco, a expectativa de que o Fed venha a manter sua taxa de juros nos atuais 2% ao ano neste mês -- além da perspectiva de que o BCE (Banco Central Europeu) venha a elevar sua taxa em setembro (os juros do BCE estão hoje em 4% ao ano) -- fez com que o dólar perdesse terreno mais uma vez frente ao euro.
Com o dólar desvalorizado, o barril do petróleo (que é negociado em dólar na Nymex) torna-se mais acessível a mais compradores, pressionando a demanda.
Produção
Essa nova escalada de preços acontece apesar do anúncio, feito neste domingo, pelo governo da Arábia Saudita, que sinalizou um aumento na produção de petróleo. A notícia foi dada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que se reuniu com líderes sauditas em Jeddah. Os líderes sauditas concordaram em produzir um adicional de 200 mil barris por dia -- cerca de 2% da atual produção -- a partir de julho.
O secretário-geral da ONU afirmou que a decisão saudita para aumentar a produção de petróleo teria sido tomada depois de pedidos de países consumidores -- mas é provável que o aumento na produção do produto englobe apenas o chamado petróleo pesado, segundo o correspondente de economia da BBC Andrew Walker. Segundo ele, as refinarias especializadas capazes de transformar este tipo de petróleo em gasolina e diesel tem limitações para aumentar sua capacidade, e o processamento do petróleo cru pesado é mais caro.
Segundo analista, a decisão do governo saudita pode ser uma indicação do rumo que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) pode tomar. ¨Acho que a Opep vai adicionar barris na produção na próxima semana, e terá de ser um aumento significativo o suficiente para o mundo ver a diferença¨, disse à agência de notícias Reuters o analista Rob Laughlin, da MF Global.
A Arábia Saudita é o único país com capacidade ociosa suficiente para realizar um aumento de produção substancial -- o país poderia elevar sua produção em mais 2 milhões de barris diários.
No mês passado, o governo saudita elevou sua produção em 300 mil barris diários. ¨Devido a pedidos de 50 de nossos clientes, em sua maioria dos EUA, aumentamos nossa produção em 300 mil barris, com o que a produção do reino será em junho próximo de 9,45 milhões de barris diários¨, disse o ministro do Petróleo saudita, Ali bin Ibrahim al Naimi.