Brasil está ¨em vias de virar superpotência¨, diz Financial Times 08/07/2008
- BBC
O Brasil está a um passo de entrar no grupo das chamadas superpotências, diz um artigo do principal jornal de economia e finanças da Europa, o ¨Financial Times¨ (¨FT¨), em sua edição desta terça-feira.
¨Não é exagero dizer que o Brasil está em vias de adquirir o status de superpotência¨, diz artigo do ¨FT¨, que traz um caderno especial de seis páginas sobre o país.
O artigo, intitulado ¨Surfando em uma grande onda de confiança¨, enumera pontos positivos sobre o país, onde ¨as perspectivas, aparentemente, nunca foram melhores¨.
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¨Em uma época de crescente demanda global por alimentos e energia, o Brasil está em uma posição única¨, diz o jornal. ¨Já o maior produtor mundial de quase qualquer produto agrícola (...) inclusive álcool feito da cana-de-açúcar, o Brasil é o quarto maior fabricante de veículos e logo se tornará um importante exportador de petróleo.¨
O país é descrito ainda como ¨um grande ímã para investimento estrangeiro direto¨, e a sociedade brasileira está se transformando à medida que ¨a renda aumenta e as iniqüidades diminuem¨. A Bolsa Família e o impacto de ações para combater a sonegação fiscal são citados como elementos positivos.
Os autores do artigo, os jornalistas Jonathan Wheatley e Richard Lapper, afirmam que este quadro se tornou possível ¨por reformas realizadas nos últimos 15 anos e que frutificaram durante os últimos anos¨.
¨Sem garantia¨
O status de superpotência parece alcançável, mas o país deve ter em mente ¨que ainda não chegou lᨠe que essa posição ainda ¨não está garantida¨, alerta o jornal.
¨A infra-estrutura do país é uma bagunça¨, afirmam, destacando a ¨inadequação¨ dos sistemas públicos de saúde e educação, a burocracia enfrentada por empresas entre outros problemas.
O jornal elogia a estabilidade alcançada pela economia brasileira. ¨As bases da nova prosperidade do Brasil forma lançadas na administração de [Fernando Henrique] Cardoso e criticadas ruidosamente pelo PT, então oposição. Mas no governo, [Luiz Inácio] Lula da Silva e seus assessores viram o valor, especialmente para os pobres, da inflação baixa e de uma economia estável.¨
O artigo diz que algumas das prioridades previstas no governo de Fernando Henrique Cardoso, ¨especialmente a reforma dos sistemas de aposentadoria, impostos e de trabalho ainda devem ser feitas¨ e estariam aí alguns dos ¨grandes desafios¨ a serem enfrentados pelo país.
¨O modelo do caro setor estatal do Brasil ainda é um obstáculo para o desenvolvimento´, diz o ¨FT¨.
O suplemento do ¨Financial Times¨ traz ainda artigos sobre o impacto da estabilidade econômica duradoura sobre muitos brasileiros e a exploração de petróleo.
Violência urbana
Em artigo intitulado ¨Esforço para reparar uma reputação violenta¨, o jornal diz que ´entre 1993 e 2003, a média de pessoas mortas a cada ano por ferimento a bala foi 32.555, de acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)¨.
¨Isso supera o número anual de mortes em conflitos na Tchetchênia, Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Argélia e até a primeira guerra do Golfo¨, diz o texto, que ressalta, contudo, que ¨inesperadamente a incidência de homicídios está caindo¨.
¨As razões para a tendência de baixa são variadas¨, diz o artigo, que cita análise de Julio Jacobo Waiselfisz, autor de Mapa da Violência, um estudo financiado pelo governo sobre os homicídios.
A expansão da economia, aumento de salários, baixo índice de desemprego, programas mais amplos de assistência aos mais pobres e maiores restrições para a venda de armas introduzidas em 2003 também são apontados como fatores por Waisenlfisz, de acordo com o ¨Financial Times¨.
Um texto sobre a Amazônia diz que ¨há uma vontade maior de endurecer com exploradores ilegais de madeira e em combater a corrupção¨.
O tema de sucessão presidencial também é abordado. São apresentados os perfis de quatro dos supostos candidatos mais destacados: José Serra, Aécio Neves, Dilma Roussef e Ciro Gomes.